A Marcha Mundial das Mulheres vem expressar seu mais profundo repúdio aos crimes hediondos cometidos pelo prefeito Adail Pinheiro da cidade de Coari – Amazonas, pertencente ao partido PRP e por seus funcionários.
Desde 2008, o prefeito vem sendo acusado de crimes de pedofilia, estupros e corrupção, denunciados pela operação Vorax da Polícia Federal e apesar dos mais de cem processos contra ele, Adail continua exercendo o cargo de prefeito, com total conivência do Ministério Público do Amazonas e do Tribunal de Justiça. Ou seja, um prefeito que tem destruído a vida de mulheres e meninas, encontra nos órgãos de justiça sua maior proteção.
O caso destes crimes hediondos voltou à cena quando uma menina de treze anos que tinha sido ofertada pela mãe ao prefeito para a noite de ano novo, fugiu de casa e denunciou o crime, levando outras meninas e mulheres a quebrar o silêncio e denunciar os estupros, os casos de exploração sexual e aliciamento para a prostituição envolvendo o prefeito e seus funcionários.
Na cidade de Coari, que possui o segundo maior poder aquisitivo do Estado e recebe royalties do petróleo, a maioria da população sofre com a falta de acesso a serviços básicos, como saneamento, saúde e educação, fatores que favorecem o aliciamento de meninas e mulheres para a prostituição.
O 7° anuário revelou que, no Brasil, o crime de estupro é mais elevado do que o crime de homicídios, subindo 18,17% em 2012 e pesquisas como a do IPEA em 2013, mostraram o aumento da violência contra a mulher.
Sabemos que um dos motivos que perpetuam a violência é justamente a impunidade dos agressores. O caso de Coari é um exemplo que demonstra a conivência, a lentidão e a banalização do atendimento à violência contra a mulher pelos órgãos de justiça.
Assim, o machismo que mata, estupra e violenta as mulheres se fortalece nesta sociedade que banaliza e trata a violência contra a mulher e meninas como algo corriqueiro e irrelevante e tenta desqualificar as políticas de enfrentamento à violência, entre elas a Lei Maria da Penha, frutos da luta do movimento feminista.
Temos denunciando frequentemente que a prostituição no Brasil não é opção das mulheres, mas parte de um perverso e cruel sistema de exploração do corpo e vida das mulheres, onde as principais vítimas são as meninas pobres e negras, atentando que no contexto atual, de realização da copa do mundo, obras e megaeventos, o corpo das mulheres e meninas tem sido mais um produto a ser vendido e que tal pensamento vem encontrando respaldo através do projeto de lei 4211/2012.
A Marcha Mundial das Mulheres nacional soma-se à luta do movimento de mulheres do Amazonas e da Marcha Mundial de Manaus e Parintins que neste momento lutam para a punição imediata de Adail Pinheiro e sua quadrilha.
Apoiamos o pedido de federalização deste processo já expedido pela Deputada Erika Kokay, presidenta da CPI da exploração sexual de crianças e adolescentes, pois sabe-se que este criminoso está protegido pelos órgãos de justiça e por políticos do estado e que cair no esquecimento e expor as vítimas a mais riscos e violência.
Apoiamos e exigimos o afastamento imediato deste criminoso das funções de prefeito!
Exigimos a punição com todo o rigor da lei para os casos de pedofilia e de violência sexual contra as mulheres e meninas.
Propomos que os royalties do Petróleo recebidos por esta cidade sejam investidos na educação, na criação de políticas de igualdade para as mulheres, de enfrentamento à violência contra a mulher e meninas, assim como uma política de amparo e proteção às vítimas e politicas para a construção da autonomia econômica para as mulheres como uma forma de evitar que as famílias vendam as meninas para exploração sexual.
Propomos que o governo Brasileiro, através dos poderes executivo, legislativo e judiciário apliquem ações de punição ao Tribunal de Justiça e Ministério Público do Amazonas que estão sendo coniventes com este e outros crimes.
Fonte: Marcha Mundial das Mulheres