Nota da Fisenge: mudança de nome da Eletrobras para Axia expõe o valor do lucro acima da vida

Em comunicado divulgado no dia 22/10, a Eletrobras informou sobre uma reestruturação da empresa que envolve a mudança de nome para Axia. De acordo com o informe, Axia tem origem grega e significa “valor”, expondo o valor do lucro acima da vida, uma vez que este é o principal condutor da empresa após a privatização em 2022. Desde a venda, a Eletrobras tem anunciado e feito demissões em massa, inclusive de pessoas com deficiência violando a legislação brasileira; além de promover a assinatura de acordos individuais de diminuição de salários sob coação aos trabalhadores.

Criada em 1962 como empresa estatal, foi privatizada no apagar das luzes do governo Bolsonaro e, hoje, nós, movimentos sociais, sindicatos e organizações da sociedade civil, lutamos para que a União mantenha sua participação no Conselho de Administração. Energia não pode ser utilizada como mercadoria e moeda de troca. Energia é vida e deve ser encarada como política pública fundamental de garantia de dignidade, cidadania e direitos humanos.

A Eletrobras, em décadas de prestação de serviços públicos, levou energia à casa das pessoas, infraestrutura às cidades, cultura, lazer, mobilidade; e muito mais. Nesses 63 anos de existência da Eletrobras, a engenharia foi base estruturante e fundamental de construção e pavimentação da empresa e que tem sofrido com os impactos da privatização tanto pelas demissões quanto pelos assédios e precarização das condições de trabalho.

Os quadros concursados de engenheiros/as que ainda persistem e resistem dentro da empresa possuem memória técnica altamente qualificada para a construção de um país que leve luz para todos e todas; produza energia limpa e se comprometa com uma política de meio ambiente sustentável. Por isso, denunciamos a chamada “reestruturação” da Eletrobras como uma tentativa de mercantilização da narrativa da empresa e apagamento de sua memória e história. Não apaguem a nossa História.

Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil