No Rio, iniciativa reúne sociedade civil em defesa do direito à água

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

O Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento questiona o modelo de privatização dos recursos hídricos.

A imagem pode conter: 2 pessoas, texto

O Ondas pretende ser instrumento na luta por saneamento público, universal e de qualidade / Foto: Camila Marins
 

Uma articulação de movimentos populares em defesa da água e na promoção de saneamento básico no Brasil criou, neste mês, o Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas). A iniciativa foi lançada no dia mundial da água, dia 22, no auditório do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e foi pensada para ser um braço técnico na luta por saneamento público e contra as privatizações do setor. O Ondas nasce da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental que nos anos 90 foi um importante espaço de articulação na luta contra as privatizações promovidas pelo governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O Observatório visa ampliar as ferramentas da Frente em conjunto com vários setores da sociedade.  A parceria com as universidades, por exemplo, cria subsídios técnico para combater o projeto do atual governo de privatizações. A articulação que cria o Ondas é a mesma que realizou no ano passado o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), em contraposição ao Fórum Mundial da Água, promovido pelo governo de Michel Temer (MDB) e que promovia os interesses das grandes empresas do setor hídrico.

Em entrevista ao programa de rádio Brasil de Fato Rio de Janeiro, o engenheiro e sanitarista Clóvis Nascimento explicou a importância da criação do observatório. “Nós temos absoluta convicção de que será uma luta muito grande porque eles vêm com a “faca nos dentes”. Paulo Guedes está dizendo que vai vender o Brasil. Nós vamos ter que enfrentar e reagir e o Ondas será um braço importante desta luta contra a privatização”, declarou o também diretor do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento e presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).

No Rio de Janeiro, a criação da Ondas chega como um reforço devido à situação da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (CEDAE). Com um estado endividado, o governo do Rio deu a empresa pública como garantia de um empréstimo junto ao governo federal.

A empresa é responsável pela Estação de Tratamento do Guandu que trata 45 mil litros de água por segundo e é responsável pelo abastecimento de todo o Rio de Janeiro, além dos municípios da baixada fluminense, Itaguaí e Mangaratiba. Contudo, o estado tem cidades como Japeri em que somente 3% do esgoto é tratado. A situação é dramática, mas não é distante do cenário nacional de déficit sanitário em que somente 50% das casas têm coleta de esgoto, sendo apenas 30% tratado.

Para Nascimento, a privatização significa tirar água de quem já não tem. “Privatizar significa encarecer a tarefa.  A equação tarifária atual da água levam em consideração os gastos frente aos investimentos realizados, se você privatiza entra outra variável, que é a variável do lucro da empresa privada. Essa tarifa vai certamente subir muito”, disse. 

Edição: Jaqueline Deister

Fonte: Brasil de Fato