No Paraná, seminário da CUT debate Estado e democracia no Brasil

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“Diálogo – Perspectiva Brasil” reúne governantes e cidadãos para construção de análises sobre gestão pública

A série de debates ‘Diálogos’ criada pela CUT-PR em parceria com a APP-Sindicato teve uma edição na noite desta segunda-feira (9) para debater o papel do Estado na sociedade contemporânea.

Sob o tema ‘Perspectiva Brasil’ o evento foi conduzido pelas falas do deputado estadual Tadeu Veneri, do deputado estadual de Minas Gerais Sávio Souza Cruz e do professor economista e ex-presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

O debate aconteceu na sede da APP, em Curitiba, e reuniu lideranças políticas, educadores, estudantes e militantes para uma análise sobre a gestão política do país e o fortalecimento da democracia.

O deputado Tadeu Veneri apresentou a situação política e o endividamento financeiro do Estado do Paraná, após sucessivas ações neoliberais enquanto o deputado Sávio de Souza Cruz fez um paralelo com o atual governo de Minas Gerais. “Há duas Minas, díspares entre si. Temos a que é vendida aos mineiros e ao restante do Brasil, como um estado moderno, em crescimento e, ao mesmo temo, temos a mais alta carga tributária do país, a maior alíquota de combustível, o maior índice nacional de desmatamento, além de sermos os campeões em problemas básicos de saúde, como a dengue”.

O deputado mineiro ainda salientou o impacto do poder público quando o investimento em propaganda não é fiscalizado. “Minas é hoje um Estado que não aplica a lei do piso no magistério, mas que tem atores globais de ponta, como a Fernanda Montenegro fazendo propaganda na tv aberta sobre como a educação está maravilhosa”, exemplificou o deputado ao relatar uma situação que lembrou uma situação semelhante acontecida no Paraná (Veja aqui).

O debate analisou o panorama político e o crescimento econômico e social do país nos últimos anos. O economista Márcio Pochamm traçou um panorama histórico do Brasil desde os anos 30. Detalhou a influência do governo Getúlio Vargas até os anos 80, e apresentou a década de 90 como uma regressão e ascensão das desigualdades sociais geradas por altas taxas de desemprego, baixo crescimento econômico e sucessivas apostas em privatizações de serviços e bens públicos.

“A crise de 29 teve um grande impacto no Brasil que somos hoje: na época da crise do café o Brasil construiu um projeto de recuperação urbano industrial vigente até hoje. Sempre tivemos uma país nas mãos dos grandes produtores rurais, a classe trabalhadora industrial, os pequenos proprietários de terra e os pequenos empresários são uma minoria que elegem uma minoria. Basta observarmos a disposição das bancadas no nosso Congresso”, evidenciou o economista ao apontar a bancada ruralista como a grande maioria das cadeiras no Congresso Nacional.

“Nos últimos 12 anos, tivemos 22 milhões de empregos, isso é maior que em qualquer país de igual proporção territorial e populacional. Tivemos mais vagas na universidade e estamos, com isso, construindo um cenário social diferente.Nesses últimos anos, 40 milhões de brasileiros, da base da pirâmide econômica, ascenderam. Os movimentos sociais precisam dialogar com essa nova população que quer transporte, educação e saúde de qualidade”, aponta ao detalhar os desafios políticos da esquerda no país.

Na avaliação de Pochamn há dois grandes cenários de revolta contra o atual governo: o da classe média, que perdeu status e o da classe ascendente que busca serviços e políticas públicas com cada vez mais qualidade e representatividade. “Ficou muito caro no Brasil ter uma empregada doméstica, um zelador, um eletricista, uma manicure, isso porque estes eram o trabalhadores que ganhavam muito pouco e agora conquistaram melhores condições”, analisa ao enumerar alguns dos desafios sobre a gestão pública nacional.

O presidente interino da APP-Sindicato, professor Hermes da Silva Leão, reforçou a necessidade de intensificação das análises sobre a ampla conjuntura política neste período eleitoral e reafirmou que o Sindicato é um destes espaços de construção do diálogo em busca da igualdade para todos e todas.

Escrito por: APP-Sindicato