Durante três dias, profissionais e estudantes de engenharia tiveram a oportunidade de se reunir, assistir a palestras, discutir e eleger questões que serão levadas para o 10º Consenge – Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros, a ser realizado entre 27 e 30 de agosto, em Búzios – RJ. Ao final, foram escolhidos os representantes que levarão ao encontro nacional as propostas resultantes dos trabalhos.
O evento começou na noite do dia 11 de abril, com palestras do professor da UFBA e geógrafo Clímaco Dias e do também professor, autor e ex-deputado federal, Emiliano José. Ambos falaram sobre o papel da política sindical diante da conjuntura nacional e internacional. Para Clímaco Dias, é preciso atentar para as novas formas de comunicação trazidas pela tecnologia nos grandes centros urbanos. Citando as passeatas de Junho do ano passado, quando milhares de pessoas foram às ruas, num movimento plural e sem lideranças ou agenda claras, ele chamou atenção para o fato de que os partidos políticos não conseguem representar a sociedade na sua totalidade, especialmente nas grandes cidades.
Já Emiliano José, focou nos avanços do Brasil atual, em comparação com o resto do mundo, afirmando a importância dos governos de Lula e Dilma para o nosso desenvolvimento. Também estiveram presentes à mesa de abertura o presidente do Crea-BA, Marco Amigo, o presidente do Senge-BA Ubirantan Félix, o presidente da Fisenge – Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, Carlos Bittencourt e os deputados Marcelino Galo e Maria del Carmen.
No dia seguinte, aconteceram palestras sobre Mobilidade Urbana e Ensino e Formação Profissional. Para falar sobre o primeiro tema, Horácio Brasil da SETPS e Paulo Silva, representante do MDT – Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos, substituindo Nazareno Affonso que não pôde comparecer. Ambos procuraram fazer um diagnóstico da atual situação do sistema de transporte público no Brasil, apontando a flagrante ineficiência desse serviço como causa dos transtornos no transito dos grandes centros urbanos. “Entre 1990 e 2010, a cada um real investido em transporte público, foram investidos doze reais em incentivo para carro e para moto”, afirmou Horácio. Paulo Silva completou a análise lembrando a importância de repensar nosso modelo de cidade, que foi construída para o automóvel e não para o pedestre e as necessidades deste devem ser ouvidas na busca de soluções para o problema da mobilidade. “Nós estamos escutando quem não anda de ônibus”, afirmou.
Trazendo reflexões sobre o Ensino e Formação Profissional estavam os professores Penildon Silva Filho e Namoar Almeida, reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). O reitor contou sua experiência na UFSB e explicou a nova estrutura curricular da Universidade, baseada no Barcharelado Interdisciplinar (BI), que oferece ao aluno a oportunidade de iniciar sua educação superior sem a obrigação de escolher o curso antes mesmo do processo seletivo. A UFSB também possui unidades descentralizadas, denominadas colégios universitários, nos quais os alunos podem começar o curso com aulas à distância, sem precisar se deslocar de seu local de origem. Penildon Silva complementou a palestra de Naomar, afirmando que, apesar do recente investimento nas universidades federais, o modelo de educação brasileiro ainda é elitista e impede a democratização do acesso. “Não adianta investir 10% do PIB em educação com este modelo de universidade. Não vamos ter uma democratização do acesso se mantivermos este modelo que o Brasil herdou do século XIX”, disse. Para ele, a adoção dos BIs deveria ser massiva e as universidades deveriam criar mecanismos de permanência para o aluno de baixa renda para diminuir a evasão.
O último dia do Coesenge foi dedicado aos Grupos de Trabalho (GTs), que discutiram os temas abordados durante o congresso, e à eleição dos delegados e delegadas que serão responsáveis por levar as sugestões feitas aqui para o 10º Consenge. As eleições foram realizadas de acordo com as diretrizes propostas pela Fisenge, que previa um mínimo de 30% de mulheres entre os eleitos, meta superada durante o evento. Dos vinte delegados eleitos, sete eram mulheres, totalizando 35%. Antes do encerramento, houve ainda uma reunião dos estudantes para discutir o papel do Senge Estudante e de que modo ampliar o alcance do programa.