Nesta terça-feira (18/03), informações colhidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) que apontam responsáveis pela morte do ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, serão entregues ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).Paiva era visto como subversivo. O Ex-deputado era declaradamente contra a ditadura desde o início do regime. Na madrugada do dia 1º de abril de 1964 (com o Golpe Militar em andamento desde o dia anterior), Paiva fez um apelo ao vivo pela Rádio Nacional em defesa da legalidade do presidente João Goulart.
Durante a declaração, o deputado criticou abertamente o então governador de São Paulo, Ademar de Barros, um dos apoiadores do Golpe. “Me dirijo especialmente a todos os trabalhadores, todos os estudantes, e a todo o povo de São Paulo tão infelicitado por este governo fascista e gopista que neste momento vem traindo seu mandato e se pondo ao lado das forças da reação”.
O deputado convocou estudantes e trabalhadores a acompanharem as transmissões da Rádio Nacional, que formava uma rede em defesa da legalidade junto a outras emissoras. “Estejam atentos às palavras de ordem que emanarem aqui da Rádio Nacional e de todas as outras rádios que estejam integradas nesta cadeia da legalidade. Julgamos indispensável que todo o povo se mobilize tranquila e ordeiramente em defesa da legalidade prestigiando a ação reformista do presidente João Goulart que neste momento está com o seu governo empenhado em atender todas as legítimas reivindicações de nosso povo”.
“Está lançada inteiramente para todo o país o desafio: de um lado, a maioria do povo brasileiro desejando as reformas e desejando que a riqueza se distribua, os outros são os golpistas que devem ser repelidos e desta vez, definitivamente para que o nosso país veja realmente o momento da sua libertação raiar”. Foi dessa maneira que Paiva concluía a sua intervenção pela rádio, em que convocava a resistência pacífica contra o Golpe.
Nove dias após essa intervenção, Rubens Paiva teve seu mandato cassado. Em 1971, entre os dias 20 e 22 de janeiro, o deputado entrou para a lista dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira (1964-1985).