Ex-diretora da Fisenge participa de homenagem aos 90 anos de Elizabeth Teixeira

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A líder camponesa, Elizabeth Teixeira completou 90 anos no dia 13/2. Elizabeth foi a primeira mulher a assumir a liderança das ligas camponesas, na região de Sapé, na Paraíba. A ex-diretora da Fisenge, Alméria Carniato participou da comemoração, que foi organizada pelo Memorial das Ligas Camponesas de Sapé, com apoio de universidades, sindicatos, entidades defensoras dos direitos humanos. “Conheci Elizabeth em meu primeiro emprego e a sua história contribuiu para que eu fizesse a minha escolha, enquanto cidadã e profissional, em contribuir com a reforma agrária por meio de minha profissão, durante 30 anos”, contou Alméria, que também é integrante do Coletivo de Mulheres da Fisenge. A atividade também contou com a presença de parlamentares, membros da Comissão da verdade, OAB e os Camponeses (as) em geral, oriundos de vários países da América Latina e de várias regiões do país.

Elizabeth é viúva do líder sindical João Pedro Teixeira, o “cabra marcado pra morrer” do filme homônimo (Brasil, 1984) do cineasta Eduardo Coutinho. O evento em homenagem aos seus 90 anos foi nomeado: “Elizabeth, mulher marcada para viver”.

Alméria diz que Elizabeth é o retrato da resistência e luta pela reforma agrária no Brasil. “Essa mulher corajosa e guerreira teve de superar o duro golpe do assassinato covarde de seu marido Pedro Teixeira, a separação de seus seis filhos e o exílio. O maior presente que damos nesse momento à companheira Elizabete é prosseguirmos firmes rumo à reforma agrária e à justiça social no campo”, ressaltou Alméria.

Sobre Elizabeth
De início, ela não participava na luta de João Pedro, na Paraíba, quando ele resolveu reunir os camponeses para criar uma associação para defender os seus direitos. Quando os latifundiários perceberam que as ligas camponesas estavam cada dia mais fortes, resolveram assassinar João Pedro, morto em abril de 1962. Dois de seus filhos também foram assassinados. Sua filha mais velha não suportou o sofrimento e, inconformada com a impunidade diante do assassinato do pai, suicidou-se. Com a morte de João Pedro, Elizabeth Teixeira assumiu a direção da liga. Foi perseguida e injuriada, mas nunca desistiu nem deixou de reclamar, junto aos proprietários, os direitos dos companheiros.

Após o golpe de 64, Elizabeth foi presa por mais de dois meses; ao sair da cadeia, para escapar das perseguições, teve de fugir com um dos filhos para o Rio Grande do Norte, onde viveu 17 anos clandestinamente, com outro nome. Trabalhou colhendo feijão e arrancando batata. Ela e os filhos passaram fome. Elizabeth lavou pratos, lavou roupas, precisava tocar a vida, apesar da dureza do destino e do desejo de justiça ao assassinato de João Pedro.

Vivia escondida para não ter o mesmo fim do marido. Em 1980, foi encontrada pelo diretor Eduardo Coutinho que queria terminar o seu filme sobre as ligas camponesas e reencontrou o filho Abrão. Depois desse encontro, ficou mais fácil localizar os outros filhos. Em 1981, retomou seu nome de batismo, Elizabeth Altina Teixeira.