Foi realizada na tarde dessa quinta-feira, dia 8, a palestra sobre Cidades Sustentáveis com a arquiteta e ex-ministra adjunta das Cidades, Ermínia Maricato, também autora da tese para o 9° Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge). “Não podemos aceitar que as cidades brasileiras sejam as cidades dos cartões postais, onde a lei não se aplica, mesmo tendo uma das melhores leis do mundo, que é o Estatuto das Cidades, que não é aplicado. Vivemos hoje uma modernização conservadora com o atraso das elites e a captura do Estado”, apontou Ermínia Maricato.
Dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) apontam que, quando comparados ao transporte coletivo, os automóveis são responsáveis por 83% dos acidentes e 76% da poluição. O custo das horas de trabalhadores parados em trânsito congestionado pode atingir 10% do Produto Interno Bruto de uma metrópole, segundo pesquisa desenvolvida em 2008 pela Fundação Getúlio Vargas para São Paulo. “Precisamos romper a ditadura do automóvel, que é o fator urbano de maior impacto no aquecimento global, bem como na qualidade do ar nas cidades e na impermeabilização do solo”, destacou Ermínia.
Ainda segundo a arquiteta, outra questão que aflige é a especulação imobiliária. “Temos cidades onde o Estado não controla o uso e a ocupação do solo, incentivando o mercado imobiliário. Basta observarmos os anúncios de condomínios: existe o child care; o fitness Center; o espaço gourmet; tudo para que as pessoas comprem a imagem do que aquilo representa. Precisamos pautar uma agenda política forte em prol de um desenvolvimento sustentável, já que a questão da terra continua intocada e a reforma urbana saiu da agenda. Nossas cidades estão piorando. Temos que lutar por uma agenda de propostas para retomarmos e continuarmos no caminho rumo à reforma urbana com sustentabilidade”, concluiu Ermínia Maricato.
Ao final, Ermínia Maricato foi homenageada pelo Senge-BA, representado pelo presidente Ubiratan Félix.