Em 11/10, engenheiros de pesca e de aquicultura debatem as mudanças no mercado de trabalho e atribuições das engenharias, durante o XX Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca, que aconteceu entre 08 e 11 de outubro, em Florianópolis-SC.
As mudanças no mercado de trabalho no Brasil ainda não estão claras para muitos trabalhadores. A situação é a mesma quando se trata dos engenheiros de pesca e da aquicultura. Estudantes inseguros sem saber o que esperar do mercado e profissionais buscando se adaptar. Além das mudanças gerais, apontadas pelo diretor da Fisenge e do Senge-PE e engenheiro eletricista Roberto Freire, como a era da “sociedade conectada”, os profissionais têm que lidar com a dificuldade gerada pela concessão das atribuições do Sistema Confea/Crea.
Para o engenheiro de aquicultura e representante da Associação Brasileira de Engenharia de Aquicultura, Abeaqui, Rafael Luiz da Costa, é preciso ter mais clareza na definição das atribuições. “Os profissionais precisam saber o que eles podem fazer e o que não podem, para evitar problemas”, disse.
O engenheiro de pesca e representante da Associação dos Engenheiros de Pesca do Ceará, AEP-CE, Márcio Bezerra, explicou que as engenharias citadas são consideradas “profissões filhas”, o que faz com que elas sejam, muitas vezes, coadjuvantes de outros profissionais. Porém, reforçou a importância de profissionais competentes na área, como forma, também, de valorizar a categoria. “Não precisamos ser, apenas o melhor engenheiro de pesca. Precisamos ser melhores que agrônomos, que veterinários, que várias outras profissões”, afirmou.
Roberto Freire, por sua vez, defendeu que a briga por atribuições não deve ser o foco da luta da categoria neste momento de crise econômica e política, e de ataque aos direitos do trabalhador. “A crise do capitalismo, que começou em 2008, promove uma integração descentralizada na produção de bens e serviço. Se produz em qualquer parte do mundo, desde que o capital financeiro ganhe muito e o trabalhador trabalhe muito”, disse.
Para o engenheiro eletricista, o Brasil voltou a ser aquele país em tentativa de desenvolvimento, e a engenharia tem sido muito prejudicada com esse novo cenário. “Engenheiros trabalham para construir estruturas que forneçam suporte ao desenvolvimento, construir as infraestruturas para que as pessoas usufruam. O maior contratador é o Estado, em qualquer lugar do mundo. No Brasil, com a ‘PEC do Fim do Mundo’, o Estado diz que só vai ter orçamento até o nível da inflação, ou seja, que não vai mais investir. O que será da engenharia, então?”, questionou.
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