Medida do governo federal pode criar “Senhor das Águas” no Brasil

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Representantes de várias entidades participaram do protesto realizado em frente à sede da Embasa, no CAB, nesta terça (31), contra a medida provisória (MP 844) enviada pelo presidente Michel Temer ao Congresso Nacional para permitir a venda das companhias estaduais de água e esgoto. Se a medida for aprovada, é mais um setor, o de saneamento, que deve ser controlado por grupos financeiros internacionais, tal como já ocorre no setor de energia e em boa parte no de petróleo. Atos semelhantes também aconteceram em diversas cidades do Brasil nesta terça.

“Entregar o controle das companhias de água para banqueiros ou qualquer outro empresário é um crime, pois farão da água uma fonte de lucros, sem o menor respeito às pessoas que dela precisam, e todos precisam pois ela é essencial para a vida. Se essa medida passar, o Brasil vai ter a figura do senhor das águas, um retrocesso total”, afirmou Pedro Romildo, secretário da Confederação Nacional dos Urbanitários e coordenador do Observatório do Saneamento Básico da Bahia, que é integrado pela Ufba, Instituto Federal de Educação, Ministério Público do Estado, Gamba, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes – Seção Bahia), Sindicato dos Engenheiros e Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia (Sindae), entre outras entidades.

A humilhante situação vivida recentemente pelos consumidores de energia foi citada na manifestação, pois as pessoas tiveram de acordar de madrugada para enfrentar horas nas filas para pagar o boleto da Coelba, que suspendera o pagamento via casas lotéricas para reduzir custos e ampliar sua margem de lucros. Quem não pagava tinha o fornecimento de energia cortado. “Se Isso com a energia repercute tanto na vida das pessoas, imagina a falta da água”, lembra Pedro Romildo.

A professora Patrícia Borja, da Ufba e também coordenadora do Observatório do Saneamento, afirmou que a MP 844 vai desmantelar toda a legislação que regula o setor visando facilitar a privatização das empresas e conclamou a sociedade e a classe trabalhadora para impedir que isso aconteça. Até porque, lembrou ela, em diversos países está ocorrendo movimento contrário ao do Brasil, pois eles estão tomando de volta das mãos da iniciativa privada os serviços de saneamento, devido a uma série de problemas.

Além dela, também estiveram na manifestação Gabriela Toledo, do Instituto de Permacultura, Moisés Borges, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cedro Silva, presidente da CUT Bahia, Renato Cunha, do Gamba, Átila Barbosa, do Sindipetro, entre outros representantes de entidades, participaram da manifestação e condenaram a MP 844. Essa medida deve ser colocada em votação logo após o recesso parlamentar, neste começo de agosto.

O diretor do Senge-BA, o Engenheiro de produção, Allan Hayama também esteve presente no ato e destacou que a MP é mais um reflexo das medidas do governo que retiram direitos e comprometem a soberania nacional, como a desobrigação da Petrobrás como operadora única do pré-sal, as ameças de privatização da Eletrobrás e da Chesf: “obviamente que [eles] não iriam deixar passar a tanto a questão do saneamento quanto a questão da água que está sendo privatizada, tanto o aquífero Guarandi quanto o aquífero Grande Amazônia”, disse.

Mais fotos estão disponíveis em http://www.facebook.com/sindaeba

Fonte: Sindae-BA

Fotos: Edmilson Barbosa