Manifestações contra a Cemig marcaram o aniversário de 61 anos da empresa

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Ao invés de comemorarem o aniversário da Cemig, que completou 61 anos na quarta-feira, dia 22 de maio, os trabalhadores da empresa e as entidades sindicais, compostas pelo Senge-MG, Sindieletro, Sindsul, Eletricitários de Juiz de Fora e Santos Dumont, Federação dos Urbanos/MG e Federação Nacional dos Urbanitários, fizeram manifestações públicas contra a atual gestão da Companhia. As ações foram realizadas nas portarias e sede da empresa e na Praça Sete, durante todo o dia. Os protestos tiveram como foco a falta de condições de segurança adequadas ao trabalho, a não abertura da empresa para negociar, a baixa qualidade dos serviços prestados pela Cemig à sociedade e, principalmente, a distribuição de R$4,5 bilhões de lucro para os acionistas.

O presidente do Senge-MG, Raul Otávio Pereira,  criticou a distribuição de lucros de R$4,5 bilhões para os acionistas, em ato contra a Cemig, na Praça Sete

No dia anterior à manifestação, 21 de maio, uma audiência de conciliação do dissídio coletivo aberto pelo Senge-MG e os Sindicatos dos Administradores e Contabilistas foi realizada. A Cemig manteve a proposta de rebaixar os salários e as horas extras alegando que a situação financeira da empresa não está boa. Enquanto a Cemig alega que sua situação não está boa, dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) contradizem tais argumentos. Ao comparar o primeiro trimestre de 2013 com o do ano anterior, a receita líquida da Cemig foi 15% maior, a geração de caixa cresceu 28% e o lucro líquido aumentou 37%, dando indicativos de novos recordes de resultado em 2013, já que em 2012 o lucro da Cemig foi recorde, consolidado em R$ 4,3 bilhões. Segundo o presidente do Senge-MG, Raul Otávio Pereira da Silva, é importante conscientizar a sociedade da situação da Cemig . “Temos muito que lamentar a postura atual da empresa de precarizar a sua excelência técnica, com prejuízos para a sociedade, e também precarizar o seu quadro de pessoal. A partir do momento em que ela não assina o acordo coletivo de 2012, acreditamos firmemente que somente uma conscientização da sociedade poderá fazer com que a empresa retorne ao seu caminho histórico, ao seu caminho natural.”

As perseguições aos trabalhadores e a falta de segurança foram outras questões denunciadas pelos sindicatos e federações. Dados do Sindieletro apontam que a cada 45 dias morre um funcionário. São 103 mortes por acidentes fatias desde 1999. Segundo o presidente do Sindicato dos Eletricitários, Jairo Nogueira, os trabalhadores vivem um clima de terror. “Infelizmente o assédio moral é uma prática normal dentro da Cemig. A empresa acabou de fazer 1.100 demissões. Aí você tem as terceirizações. Hoje são 16 mil que estão sofrendo com alojamentos caindo aos pedaços, carga horária acima do que é permitido pela lei, acidentes fatais e mutilações”, denuncia Jairo.

A baixa qualidade do serviço prestado à sociedade é outro problema. Segundo dados do IBGE, divulgados no Censo de 2010, em Minas Gerais existem 42.819 domicílios sem energia elétrica. Além disso, a crescente terceirização do quadro de trabalhadores é outro fator que contribui para a decaída na qualidade dos serviços prestados e também causa prejuízos à saúde e segurança dos trabalhadores. De 2003 a 2011, o tempo médio que o consumidor ficou sem energia da Cemig aumentou 33%, dados da Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor (DEC). O tempo médio que a Cemig leva para religar a energia, atualmente, é de 14,32 horas – duas horas acima da recomendação da Aneel.

Outra questão é relacionada ao ICMS cobrado pela Cemig, que é o mais caro do Brasil, com alíquota de 30%, enquanto que estados como o Distrito Federal e São Paulo pagam 12 %, Rio de Janeiro 19% e Espírito Santo, 25%, segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia, a Abradee.

Manifestação 

Os atos promovidos pelas entidades sindicais tiveram início às 7 horas e se estenderam até o fim da tarde do dia 22 de maio. Na parte da manhã, as entidades distribuíram jornais, com matérias de denúncias às ações da Cemig em prol dos acionistas e contra os trabalhadores, nas portarias da empresa no Anel Rodoviário, Cidade Industrial, na Rua Itambé e no bairro São Gabriel. Foram realizadas reuniões setoriais com os funcionários para discutir a maneira que a empresa os tem tratado, não se dispondo a negociar. Bolinhos, em alusão ao aniversário da empresa, e canetas com a frase “Por uma Cemig realmente pública!” foram distribuídos nas portarias.

No início da tarde as entidades sindicais, com o apoio de políticos, movimentos sociais e aposentados se reuniram em frente à sede da empresa na Avenida Barbacena. Um bolo gigante com a frase “A Cemig distribui 4,5 bilhões para os acionistas”, ilustrou o tratamento da empresa com os acionistas, que vão receber um valor equivalente a mais de três vezes a despesa com pessoal em 2012, de acordo com levantamento feito pelo Dieese. Uma apresentação teatral com personagens com o anjo, que faz alusão ao anjo da guarda veiculado na propaganda da Cemig, o trabalhador acidentado, o acionista e o governador fizeram parte da trama encenada pelos atores. Em frente à sede da empresa, políticos e movimentos sociais fizeram discursos. Entre os que prestaram apoio ao movimento estão o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), o vereador Gilson Reis (PCdoB), o deputado estadual Adelmo Leão (PT-MG). Os protestos se encerraram na praça sete onde as entidades denunciaram a situação da empresa e dos trabalhadores para a sociedade.

Além dos atos públicos, a estratégia das entidades para divulgar os abusos da empresa contou com inserção de spot na programação da rádio Itatiaia e com um vídeo que circula pelas redes sociais.

Fonte: Senge-MG