Luta das trabalhadoras domésticas é parecida em todo o mundo, diz ativista sul-africana

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Willermina Trout participa no Brasil de encontro internacional da Marcha Mundial de Mulheres e aponta que desafios das trabalhadoras são semelhantes

“Como em outros países do mundo, o trabalho doméstico não é reconhecido”, diz a mulher de cabelos curtos, fala imponente, enérgica e que carrega no rosto marcas de uma história de militância política.

Na cor da pele, Willermina Trout representa a pluralidade de etnias do continente e personifica uma luta que está longe de acabar.

No Brasil, para participar do 9º Encontro Internacional da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), a representante deste movimento na África do Sul relata situações que se repetem em muitos países, inclusive por aqui, quando se trata do trabalho doméstico.

“As domésticas lideram a Marcha Mundial de Mulheres no país e é preciso que esta categoria seja reconhecida e não permaneça invisível. Porque o trabalho das domésticas não é diferente do trabalho que as nossas mães sempre fizeram”, ressalta, referindo-se tanto à atividade remunerada quanto à dupla jornada presente na vida da grande maioria de mulheres.

Ela conta que a organização das domésticas deve começar pelas próprias dirigentes sindicais. “Todas aqui – sindicalistas – nos desafiamos a incentivar as nossas próprias empregadas domésticas a se organizarem.”

Também como em outras nações, a recente crise econômica afeta muito mais as trabalhadoras africanas. “O problema começou com a onda neoliberal, que tomou o mundo e, de cima pra baixo, impôs sua política econômica atendendo aos interesses da elite, em detrimento aos interesses das classes menos favorecidas. A distância entre pobres e ricos aumenta cada vez mais, o que afeta especialmente as camponesas e negras, que acumulam tarefas agrícolas, 

domésticas e de cuidado dos filhos quando o seus maridos precisam ir trabalhar na cidade”, explica.

Willermina tem uma longa biografia de luta no movimento sindical sul-americano, desde os primeiros anos doapartheid para a formação da maior federação da África, o Congresso dos Sindicatos Sul Africanos (Cosatu).

Porém, os 18 anos de democracia e a eleição de um presidente progressista, da mesma forma que no Brasil, não é o suficiente para acabar com as desigualdades.

“Isso foi uma lição para nós mulheres, entender que além da mudança de governos, é preciso combater a raiz do problema que está na estrutura econômica. Podemos ter mudança de lideranças, como no Brasil, 

por exemplo, que tem agora uma mulher na presidência, Mas isso não significa que a situação das mulheres esteja resolvida. Como enfrentamos o mesmo problema, não podemos somente mudar as lideranças, é preciso mudar o sistema que gera desigualdade”, avalia.

Para ela, o papel essencial da Marcha Mundial de Mulheres é fazer com que tenham consciência da força que possuem e do papel essencial que exercem para o funcionamento da sociedade. “Nós nutrimos o sistema e precisamos fortalecer a união para promover mudanças”, conclui.

*Com contribuições de Leonardo Vieira, da Secretaria de Relações Internacionais, para a tradução do idioma

Fonte; CUT