O Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil será lançado no dia 26 de março, em Salvador, Bahia, durante a reunião da Coordenação Nacional do Coletivo de Entidades Negras – CEN. Produzido pelo jornalista Marcio Alexandre M. Gualberto (Coordenador Nacional de Política Institucional do CEN, editor do blog Palavra Sinistra e Coordenador da Rede Social da Religiosidade Afro-Brasileira) o Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil trará um histórico da violação do direito de culto no Brasil nos últimos 10 anos.
Marcio Alexandre foi o sistematizador por duas vezes seguidas do Informe da Sociedade Civil sobre Violação aos Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais (Dhesc), apresentado em Genebra, na Comissão de Direitos Humanos da ONU; além de ter sido um dos criadores da Plataforma Dhesc Brasil e da Plataforma Brasileira pelo Direito à Informação e à Comunicação (Cris/Brasil).
O Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil é marcado por duas trágicas coincidências. Inicia com o relato da morte de Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda – ialorixá do terreiro Axé Abassá de Ogum. A líder religiosa morreu, em 21 de janeiro de 2000, numa situação de combate contra a intolerância religiosa, praticada por evangélicos em seu templo, localizado no Abaeté, em Itapuã, na Bahia -, e se encerra com a repercussão da morte brutal de Rafael Zamora Diaz – babalawô cubano com quem o autor se cuidava no Culto de Ifá.
O Mapa da Intolerância Religiosa falará não só da intolerância praticada no dia-a-dia mas dedicará atenção especial ao que o autor chama de “intolerância religiosa praticada pelo aparelho do estado”. Segundo Marcio Alexandre “quando um prefeito manda derrubar uma casa-de-santo; uma delegada não encontra culpados num caso de agressão de policiais a uma Yalorixá incorporada e uma escola demite uma professora por falar de Exu numa aula sobre história da África, estamos
diante de flagrantes casos que demonstram a incapacidade – para não dizer má vontade e racismo – do Estado brasileiro em lidar com questões ligadas à religiosidade de matriz africana”.
O informe, além de relatar os casos trará um apanhado de propostas que vêm sendo construídas ao longo dos anos pelas organizações sociais que lutam em prol das religiões de matrizes africanas e das próprias casas religiosas, visando dirimir ao máximo os casos que, infelizmente, segundo o autor, se tornam cada vez mais frequentes, à mesma proporção em que crescem os movimentos neo-pentecostais.
O Mapa da Intolerância Religiosa não conta com nenhum apoio institucional. Apesar de haver solicitado apoio a vários órgãos governamentais apenas para impressão, o Mapa da Intolerância Religiosa não conseguiu nenhum recurso. Sendo assim, ele estará disponível para download na data prevista do seu lançamento e o autor coloca-se à disposição para, se convidado, apresentar o Mapa em todos os estados do Brasil.
Marcio Alexandre quer fazer do Mapa da Intolerância Religiosa um projeto permanente. “A idéia é transformar o Mapa da Intolerância Religiosa num site que receba denúncias de todo o país, que aponte os estados onde ocorrem mais casos e que encaminhe as denúncias aos órgãos respectivos em cada estado ou município que possam dar solução às intolerâncias sofridas. Nossa intenção é que o Mapa funcione como uma espécie de observatório da intolerância religiosa em nosso país”.