Em entrevista, Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge-RJ, faz avaliação da situação econômica atual
(Foto: Pablo Vergara)
Você poderia fazer uma avaliação da atual conjuntura econômica?
Não temos porque negar que nós estamos em uma crise econômica. Porém, essa crise não tem a gravidade que se está colocando. Já passamos por crises econômicas muito mais profundas, como a crise hiperinflacionária do Regime Militar, a de Sarney e a de Collor. Enfrentamos a crise do período FHC, que faliu o Brasil três vezes, por não ter capacidade de pagar as suas dívidas. Mas, também é bom observar que há um ajuste completamente equivocado do atual governo, que favorece o capital financeiro e prejudica os trabalhadores.
O que são essas notas de risco e essas agências de classificação de riscos?
Quando essas agências dão essas notas elas indicam os melhores lugares e fundos de investimentos para fazer aplicações financeiras. No entanto, a agência Standard & Poor’s (S&P), por exemplo, foi responsável por dar a maior nota ao banco Lehman Brothers no mês em que ele faliu. Por conta dessa falcatrua, ela teve que pagar uma multa de algo em torno de R$ 5 bilhões. As agências de classificação de riscos são uma grande fraude.
Essa mesma empresa Standard and Poor’s também rebaixou a nota do Brasil.
Essa avaliação serve para alimentar esse escândalo político. Serve também para encarecer os juros de qualquer empréstimo que o Brasil venha a fazer. Se bem que não vai fazer muita diferença. Porque o Brasil já paga o maior diferencial de juros do mundo.
Quais as consequências dessa crise com relação ao emprego?
Quando você aumenta de uma vez só os custos de energia elétrica, água, gás e outros, isso acarreta o aumento da inflação. Esse aumento da inflação tem como consequência a perda do poder de compra dos salários. Com isso, tem-se a queda do consumo. Consequentemente, cai a produção, que provoca perda dos empregos nos serviços e na indústria.
Como você avalia a atual taxa de desemprego?
Em 2002, o desemprego chegou a 13%. Hoje está em 7,5%. Atualmente, tem muito mais gente empregada. Isso significa que, embora haja dificuldades com o nível da taxa de emprego, não estamos no mesmo patamar econômico de crises anteriores.
E sobre o emprego dos engenheiros?
Na década de 1990 a engenharia ficou praticamente estagnada. Isso porque o crescimento do número de postos de trabalho entre 1995 e 2003 foi de apenas 1,4%. Já no período de 2003 a 2010 foi de 36,8%. Isso significa o aumento de cerca de 83 mil postos de trabalho.
E depois de 2010, qual foi o crescimento?
Nos últimos quatro anos, o mercado de trabalho dos engenheiros cresceu 10%. Esses números refletem o aumento dos investimentos em obras públicas, ferrovias, moradia. No setor de petróleo e gás, por exemplo, tivemos um incremento no número de vagas. Isso resultou em uma maior procura na formação na área de engenharia.
Fonte: Senge-RJ