Segundo números do IBGE, a produção industrial, que caíra 5,8% e 6,5%, respectivamente, no primeiro e no segundo trimestres, iniciou o terceiro trimestre de 2015 com queda mais acentuada: -8,9% em julho (todas as variações calculadas com relação a igual período do ano anterior). Significa que a cada mês a crise na indústria se agrava e a redução dos investimentos na Petrobrás tem muito a ver com isso, como destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (IEDI) em seu último boletim. Ao sublinhar que a crise industrial é “extremante severa, estende-se por um longo período e atinge todos seus segmentos e ramos”, o IEDI afirma que a crise reflete o “colapso da demanda na economia brasileira”, causado pelo encolhimento dos investimentos públicos e privados e “pelo recuo dos negócios da Petrobrás”.
Além das expectativas empresariais negativas decorrentes da falta de investimentos (e a Petrobrás responde por 10% do investimento no Brasil, com reflexos em setores industriais importantes, como indústria naval, bens de capital e outros), a crise se vê agravada pelo ajuste fiscal do governo, inflação de custos, aumento de juros pelo Banco Central e o encolhimento da renda da população, ampliado pelo desemprego crescente.
O IEDI enfatizou também que a recessão já se espraiou fortemente pelos diferentes setores industriais, tendo o segmento de bens de capital como líder negativo. “O forte recuo da produção de bens de capital (-17,7%, -21,9% e -27,8%) é reflexo do forte revés do investimento na economia e é um sinal de que haverá comprometimento significativamente do nível de produção do País e de sua produtividade no futuro”, resume o IEDI.
O consultor legislativo da Câmara dos Deputados, Paulo César Ribeiro Lima, observa que no Brasil, infelizmente, não existe uma indústria de bens de capital de elevada agregação de valor. Sendo assim, a política de conteúdo nacional foi extremamente importante para este setor fundamental, embora a empresa não possa resolver tudo sozinha. “A Petrobras tem muito mais compromisso com o País que as multinacionais. Essa história de que as outras empresas vieram para o Brasil para serem operadoras é conversa fiada. Até que vieram, mas para se associarem à Petrobras”.
Apesar de o monopólio operacional da Petrobrás ser muito importante, Lima considera que o maior desafio é ter a Petrobras comprometida com os interesses do País. “Fica muito difícil defender o monopólio operacional de uma empresa que está vendendo áreas do Pré-Sal. Isto é seríssimo”, resume.
Fonte: AEPET