Pesquisadores da Fundação Nacional de Ciência (cuja sigla em inglês é NSF), nos Estados Unidos, que atuam no projeto Telescópio de Horizonte de Eventos (cuja sigla em inglês é EHT), revelaram, no dia 10/4, que, pela primeira vez, foram captadas imagens de um buraco negro no espaço. Os buracos negros são objetos cósmicos com massas imensas e tamanhos compactos. A presença desses objetos afeta o ambiente, podendo distorcer os conceitos de espaço-tempo e superaquecendo qualquer material ao redor.
Entre os mais de 200 cientistas, está Katie Bouman, que estuda e colabora no Event Horizon Telescope (EHT). Há três anos, Katie Bouman desenvolveu o algoritmo que tornou possível fotografar o buraco negro, quando ela estava na graduação no conceituado Massachusetts Institute of Technology, o MIT. O próprio instituto fez questão de falar da ex-aluna em suas redes sociais. As pesquisas de Katie em imagens computacionais foram cruciais para a descoberta do EHT, já que o registro dos fenômenos é essencial para a evolução da Ciência. Para conseguir a foto do buraco negro, por exemplo, foi necessário combinar os sinais de oito telescópios, combinando dados e retirando ruídos. Tudo com base no algoritmo de Katie, que atua como pós-doutoranda no projeto Event Horizon Telescope e é professora assistente no departamento de Computação e Ciências Matemáticas no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Ela tem Ph.D. em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação pelo MIT, bacharelado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Michigan e graduação em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação pelo MIT. Seu foco de pesquisa sempre foi em imagens computacionais para que algoritmos e sensores pudessem reconhecer e capturar imagens de fenômenos até agora difíceis ou tido como impossíveis de se registrar.
Detalhes
A imagem revela o buraco negro no centro de Messier 87, uma enorme galáxia ao redor do planeta Virgem. Este buraco negro está a 55 milhões de anos-luz da Terra e tem uma massa de 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol.
Em entrevista coletiva, os astrônomos informaram que os detalhes serão descritos em seis artigos acadêmicos, publicados em uma edição especial do The Astrophysical Journal Letters.
“Este é um grande dia em astrofísica”, disse a diretora da Fundação Nacional de Ciência, France Córdova. “Estamos vendo o invisível. Buracos negros têm causado imaginação por décadas. Eles têm propriedades exóticas e são misteriosos para nós.”
Córdova disse que cientistas e engenheiros foram preparados “para iluminar o desconhecido, para revelar a majestade sutil e complexa do nosso universo “.
Projeto
O projeto liga telescópios ao redor do globo para formar um telescópio virtual do tamanho da Terra, com sensibilidade e resolução sem precedentes. O trabalho é desenvolvido há anos por meio de colaboração internacional.
A fundação desempenhou papel fundamental nesta descoberta, financiando investigadores individuais, equipes científicas interdisciplinares e instalações de pesquisa de radioastronomia desde o início da EHT. Mais de US$ 28 milhões foram aplicados em pesquisa da EHT.
Múltiplas calibrações e métodos de imagem revelaram uma estrutura em forma de anel, com uma região central escura – a sombra do buraco negro -, que persistiu sobre várias observações independentes, segundo os pesquisadores.
“Uma vez que tínhamos certeza de que tínhamos imaginado a sombra, poderíamos comparar nossas observações a extensos modelos de computador que incluem a física do espaço distorcido, matéria superaquecida e campos magnéticos fortes”, disse Paul TP Ho, membro do Conselho da EHT e diretor do Observatório da Ásia Oriental.
A construção do EHT e as observações anunciadas hoje representam o resultado de décadas de trabalho observacional, técnico e teórico.
Fonte: Agência Brasil/EBC com informações VIX
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