[III Encontro do Senge Jovem Paraná] Audiências públicas: Privatizações, Agrotóxicos e Democratização da Mídia

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Estudantes debateram tópicos sugeridos com a mediação de especialistas nos assuntos

Durante a 3ª edição do Encontro Estadual do Senge Jovem, uma nova atividade foi proposta para aumentar o engajamento dos estudantes nos debates: a dinâmica das audiências públicas. Divididos em grupos com os temas “Privatizações”, “Agrotóxicos” e “Democratização da Mídia”, os estudantes debateram os tópicos sugeridos com a mediação de especialistas nos assuntos, que, posteriormente, dissertaram sobre suas áreas de atuação. O tema “Privatizações” foi mediado por Inara Rodrigues, estudante de Engenharia de Energia da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), enquanto “Agrotóxicos” teve a intervenção do engenheiro agrônomo André Gabardo, e “Democratização da Mídia” contou com a facilitação da jornalista do Senge-PR, Ednubia Ghisi.

Privatizações

A estudante Inara Rodrigues aceitou o desafio de mediar e palestrar sobre um dos temas mais polêmicos em pauta na sociedade brasileira: as privatizações. Em sua fala, Rodrigues explicou como o processo de privatização de um bem estatal acontece, e esclareceu os argumentos mais comuns citados por aqueles que defendem a exploração de riquezas públicas pela iniciativa privada. “As privatizações não trazem os benefícios anunciados”, alertou.

Inara Rodrigues, estudante de Engenharia de Energia da UNILA

Inara classifica as ameaças recentes de privatização como um ataque direto à soberania nacional, que impactam diretamente o povo e seus direitos. Ela também fez ponderações a respeito das acusações de irregularidades nas grandes empresas estatais: “o combate à corrupção precisa ser feito, mas não justifica entregar nossas riquezas”.

Rodrigues aproveitou a oportunidade para lembrar que o Tratado de Itaipu irá vencer em 2023, e precisa entrar na agenda de discussões sociais. “Nós temos as riquezas, temos a água, temos os recursos naturais, temos a tecnologia. Por que a nossa energia é tão cara?”, finalizou.

Agrotóxicos

A audiência pública que debateu o uso de agrotóxicos na agricultura brasileira foi mediada pelo engenheiro agrônomo André Gabardo, que abriu sua fala questionando se as chamadas “tecnologias avançadas”, como agrotóxicos e transgênicos, são, de fato, avançadas.

André Gabardo, engenheiro agrônomo

Segundo ele, universidades brasileiras desenvolvem estudos de ponta na área de produção de alimentos, mas estes estudos enfrentam dificuldade para encontrar apoio e financiamento. Mesmo quando acontecem, não são disseminados, e o conhecimento adquirido não chega ao produtor. “A academia pesquisa o convencional, a mídia reproduz o convencional, o produtor produz o convencional”, resumiu.

Gabardo vê na agricultura familiar e na agroecologia uma alternativa ao modelo de produção atual, e questiona o papel do Brasil como produto primário. Outro ponto questionado é o uso de agrotóxicos banidos por outros países: “porque aqui a gente permite um veneno que lá é proibido?”

Democratização da Mídia

Finalizando o ciclo de palestras das audiências públicas, a jornalista do Senge-PR, Ednubia Ghisi discorreu sobre a regulação da mídia, que é uma das etapas para a democratização da comunicação. Esclarecendo que a regulação não ameaça a liberdade de expressão e não cria instrumentos de censura, mas possibilita o acesso do público aos meios de comunicação, Ghisi explanou como a Constituição Federal divide a comunicação em pública, privada e estatal. Para apresentar como deveriam funcionar os três sistemas de comunicação, a jornalista exibiu o vídeo “Aprendendo a dividir”, produzido pelo Coletivo Intervozes.

Ednubia Ghisi, jornalista do Senge-PR

Segundo a jornalista, as empresas de comunicação constroem os imaginários que permeiam nossas vidas, e o controle dos meios de comunicação por poucas famílias explicita a estrutura atual da sociedade brasileira: “isso explica porque temos uma sociedade machista e classista, já que esta é a composição no centro desta produção”.

O estado democrático de direito garante que toda diversidade seja contemplada, mas a homogeneidade que vemos nos meios de comunicação, e que transpassa para a Internet, dificilmente será quebrada sem uma revisão da legislação: “a nossa democracia vai continuar sendo uma farsa enquanto não acontecer a democratização da mídia”.

 

FONTE: SENGE PR / Texto e fotos: Luciana Santos, jornalista do Senge-PR