Governo do Paraná usa mesmos argumentos de Lerner para privatizar Copel Telecom

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Há 20 anos, em 1999, o governo Lerner (ex-PFL) iniciava o processo de privatização da Copel. A venda da empresa de energia do Paraná foi impedida em 2001 por conta da mobilização dos movimentos sindicais e da população. Movimentação essa que completa 18 anos no próximo dia 15 de agosto. Decisão acertada do povo. Há poucos dias, a empresa divulgou lucro de R$ 1,1 bilhão apenas no primeiro trimestre de 2019.

Por outro lado, duas décadas depois, a mesma sanha privatista retorna ao governo do Paraná. Dessa vez, na gestão de Ratinho Júnior (PSD). Dessa vez com a Copel Telecom, empresa que lidera o ranking de banda larga no estado em um ramo que tende a crescer nos próximos anos. E o método utilizado agora é o mesmo do que o do passado.

Na revista de número “Copel Informações”, número 236, do bimestre de abril/maio de 1999, o governo defendia a tese da privatização: “precisamos pensar a Copel como se privatizada ela já estivesse e voltar para o interior de nós mesmos e nos adaptarmos a essa nova mentalidade”, afirma o editorial com cara de autoajuda. A estratégia é clara: convencer os copelianos que a privatização é o melhor rumo para suas carreiras e é um fato irreversível.

Evidentemente, o texto reforça que a Copel (o que se encaixa a Copel Telecom agora) deve ser privatizada diante de um mercado altamente competitivo ao qual a estatal é incapaz de competir. “O setor elétrico brasileiro caminha a passos largos rumo a um ambiente de acirrada competição. E não importa se a Copel está nessa briga como empresa estatal ou privada”, relativiza o texto.

Na sequência, em entrevista do então presidente da Copel, Ingo Hübert, é listado os motivos para que a empresa seja privatizada: falta de competitividade e custos elevados. Como agora, lá trás era formada um conselho com o objetivo de conduzir o processo de privatização (chamado há época de desestatização), levando em conta cronograma, preço das ações, reorganização societária, cisão da empresa, fusão ou incorporação das subsidiárias. Entre os membros desse colegiado estava Reinhold Stephanes, atual secretário de Ratinho.

Na entrevista, o então presidente desenha um cenário catastrófico para a energia, cita outras companhias que foram privatizadas e diz que a única saída e a venda do patrimônio. Ingo também diz que a empresa não tem responsabilidade social e que já tem grandes investidores interessados no negócio. Ele é taxativo:

“No mundo inteiro, há desregulamentação das grandes empresas de energia. Os grandes monopólios pesados e caros estão sendo expostos a desregulamentação. Até agora, a Copel estava numa situação fantástica. A gente ia lá no governo federal, mostrava nossos custos e dizia que a gente queria uma determinada tarifa. Na competição, isso muda radicalmente”, especulou.

20 anos depois, a ANEEL segue sendo a agência que autoriza os reajustes. Em 2018, a agência autorizou reajuste de 16,42% nas tarifas, o que garantiu o lucro bilionário.

 

Fonte: Senge-PR