Governo aprova venda da Embraer à estadunidense Boeing

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Nesta quinta-feira (10), o governo anunciou que não vetará nenhum dos termos do acordo anunciado pelas empresa.

Acordo entre a Embraer e a Boeing causa preocupação em setores das Forças Armadas e do Itamaraty / Sgt. Batista/Agência FAB

O governo anunciou nesta quinta-feira (10) que não exercerá o poder de veto para o acordo entre a Embraer e a estadunidense Boeing para criação de uma nova empresa comercial. 

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República afirma que “em reunião realizada hoje com o Exmo. Sr. Presidente Jair Bolsonaro, com os Ministros da Defesa, do GSI, das Relações Exteriores, da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações; e representantes do Ministério da Economia e dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica foram apresentados os termos das tratativas entre Embraer (privatizada desde 1994) e Boeing”.

O comunicado afirma ainda que “a proposta final preserva a soberania e os interesses nacionais”. E anuncia que “não será exercido o poder de veto (Golden Share) ao negócio”. 

Em dezembro, as empresas haviam anunciado a aprovação dos termos do acordo. A estadunidense Boeing deterá 80% do novo negócio e a Embraer 20%. Com isso, a Embraer abre mão do setor mais rentável da companhia, que é a produção de aviões comerciais, responsável por 58% dos lucros da empresa em 2017.

O negócio é criticado por setores militares e do Itamaraty. Em entrevista ao Brasil de Fato e, março de 2018, o diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim, ressaltou a preocupação dos que chama de “verdadeiros patriotas” das Forças Armadas, principalmente em relação à defesa e soberania do país.

“Eu acho que eles devam estar muito preocupados. Pelo menos os verdadeiros patriotas, que são obviamente a maioria, e aqueles que estiveram envolvidos no desenvolvimento tecnológico [da empresa]”.

Em nota técnica divulgada em outubro deste ano, especialistas do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fizeram diversos alertas sobre as negociações entre a Embraer e a Boeing, entre eles, o impacto econômico principalmente na geração de empregos no Brasil. 

“Há um temor imediato com relação aos 16 mil empregos que a Embraer tem diretos no Brasil, fora os indiretos, que são completamente dependentes destes e vão desde pequenos e médios fornecedores, até a [questão da] economia que ela faz girar onde está instalada”, dizia a nota.

Para o Dieese, não se trata de uma fusão entre as empresas, mas da compra da Embraer pela companhia estadunidense.

 

Fonte: Brasil de Fato