Um dia após da Câmara dos Deputados rejeitar o financiamento empresarial de campanha, em mais uma manobra autoritária, a presidência da Casa encaminhou e aprovou a votação, que permitiu o financiamento empresarial a partidos políticos. Mais uma grave distorção que vai na contramão de uma verdadeira reforma política. Apenas o financiamento público de campanha será capaz de deter o abuso do poder econômico no Brasil. Atualmente, as empresas investem em candidaturas, com o objetivo de cobrar a conta na aprovação de proposituras de interesse de seu setor. A política não pode ser pautada por interesses de mercado em um balcão de negócios a serviço de poucos. A engenharia é uma das áreas mais afetadas, uma vez que obras públicas servem como dutos de corrupção como apropriação indevida de recursos, suborno, extorsão, fraude, cartéis, peculato e abuso de poder. A corrupção ameaça não apenas a moralidade pública, como também os serviços prestados à sociedade, a valorização dos profissionais e o cumprimento de direitos.
Repudiamos o pacote de contrarreforma política, apresentado pela presidência da Câmara, e reivindicamos uma reforma política comprometida com os interesses da sociedade brasileira. Fortalecer e radicalizar a democracia brasileira é princípio e apenas com uma mudança profunda nas atuais práticas será possível promover o empoderamento da cidadania. Desta forma, mulheres e homens serão sujeitos dessa história, e não meros objetos reféns da política de balcão. Reafirmamos a função social da engenharia na contribuição para formulação e efetivação de políticas públicas e na construção de um Brasil justo, soberano e solidário.
Rio de Janeiro, 2 de junho de 2015.
Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros