No dia 30 a Federação promoveu a oficina: ”Privatização e precarização das relações de trabalho – Alternativas democráticas”, que contou com a participação de Carlos Bittencourt, presidente da Fisenge, como mediador; Helmut Weiss, diretor da Labournet Germany, um dos palestrantes; e Denise Motta, secretária nacional de Organização da CUT, também convidada para o debate. Representantes do Senge-RJ e Senge-PR também estiveram presentes e realizaram intervenções no momento do debate.
Bittencour iniciou a palestra contando a história de criação da Fisenge, que tinha o objetivo de aglutinar sindicatos e engenheiros brasileiros que estivessem verdadeiramente comprometidos com questões sociais, como habitação, distribuição de renda, soberania nacional. ”Acredito que ao longo dos anos pudemos provar que é possível termos sindicatos comprometidos não só com seus trabalhadores, mas com todas as grandes questões sociais”.
O diretor executivo da Fisenge, Raul Otávio, também representando o Senge-MG, comentou o objetivo de se realizar a oficina. ”Neste momento de crise é fundamental que construamos alianças para discutir e propor idéias contra essa política capitalista que sempre joga a conta no colo do trabalhador”, afirmou.
Helmut Weiss comentou sobre o processo de sucateamento do trabalho formal na Europa, citando a Alemanha e Itália. ”22% da mão-de-obra da Alemanha trabalha abaixo do nível de pobreza. Isto é resultado do modelo econômico em vigor, que privatiza e terceiriza os serviços. O servió público italiano é o que mais possui terceirizados no mundo”, disse.
Ele encerrou sua fala fazendo uma observação sobre os conceitos que se impuseram sobre as questões sociais. ”Infelizmente o cidadão deixou de ser respeitado como ator político e social importante. Hoje o que interessa ao mercado não é aue sejamos cidadãos, mas consumidores. Só somos reconhecidos e respeitados de acordo com a nossa capacidade de comprar. Se nos faltar este direito, então não somos considerados cidadãos”, finalizou.
Denise Motta colocou o papel da CUT e das grandes centrais sindicais no debate que se instalou para superar a crise financeira. ”O posicionamento da CUT é duro no sentido de não aceitarmos que os empresários aliados a algumas centrais reduzam os salários dos trabalhadores e realizem uma política de demissões em massa como vem acontecendo. Os grandes grupos já lucraram muito às custas do trabalhador e agora agem como se ele fosse culpado pela crise”, afirmou.
De acordo com a dirigente, o atual momento é o mais apropriado para buscar alternativas ao neoliberalismo. ”Precisamos aproveitar a crise do capitalismo para reestruturamos o Estado brasileiro, para criarmos outro modelo de desenvolvimento com redistribuição mais justa das riquezas do nosso país, incluindo o controle sobre o petróleo.
Comunicação Sindical
No mesmo dia, à tarde, o presidente da Fisenge foi convidado a apresentar o projeto de Comunicação da entidade na oficina ”Comunicação sindical antes, durante e depois da crise”, que foi promovida pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). Na mesa estavam representantes de alguns sindicatos de trabalhadores do Brasil que têm tradição no desenvolvimento de mídias próprias, como é o caso do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco, Sindicato dos Bancários da Bahia e Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União.
Vito Giannotti, diretor do NPC, falou da importância da comunicação sindical, de esquerda, para mobilizar os trabalhadores em torno tanto de pautas específicas quanto de questões gerais. ”A imprensa sindical tem um papel fundamental de disputa hegemônica no Brasil, por isso, além de tratarmos de assunto do interesse específico da categoria, temos a obrigação de trabalhar as pautas sociais, de ajudar a fortalecer os movimentos sociais que vivem um processo de criminalização por parte da imprensa patronal”, afirmou.