Filme “A bolsa ou a vida” alerta para o caos do presente

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Com a participação do cineasta, Consenge debateu qual futuro a sociedade deve construir

Por Manoel Ramires/Senge-PR

O 12º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros, realizado no Rio de Janeiro com patrocínio da Mútua e apoio do Crea-RJ, exibiu o longa “A bolsa ou a vida”, com a participação de seu realizador, o cineasta Silvio Tendler. O filme aborda um futuro pós pandemia do novo coronavírus em que discute se a centralidade será o cassino financeiro e acumulação de riqueza por uma elite ou uma vida de qualidade para todos, com menos desigualdade.

Produzido pela Caliban Cinema e Conteúdo e desenvolvido em plena crise sanitária do coronavírus, em 2020, questiona se “o Estado mínimo se mostrou capaz de atender ao coletivo, como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas, em qual modelo de sociedade se quer viver, entre muitos outros pontos.

Segundo os realizadores, “A Bolsa ou a Vida” aborda o desmonte do conceito de bem-estar social e faz refletir sobre a incompatibilidade do neoliberalismo com um projeto humanista de sociedade.

O filme concorre ao PRÊMIO DO PÚBLICO da 10ª Mostra Ecofalante De Cinema, que acontece entre 11 de agosto a 14 de setembro, é um filme-manifesto que incorpora diferentes olhares em um quebra-cabeças sobre o Estado, a financeirização, a desigualdade, a vida nas cidades, nas florestas e no campo e as portas de saída para o pandemônio em que vivemos.

Para sua produção foram realizadas mais de 73 entrevistas com personalidades conhecidas do mundo artístico/cultural, e com cidadãos comuns que fazem parte do dia a dia das cidades brasileiras e que sentem na pele as dificuldades impostas pelo caos social. A Bolsa ou a Vida foi produzido com um orçamento 100% colaborativo de 19 entidades entre sindicatos, federações e confederações, além de pessoas físicas.

Debate com engenheiros

 

O cineasta Silvio Tendler participou do debate após a exibição do filme. Essa é a terceira obra que ele realiza com as entidades. Anteriormente foi produzido, em parceria com a Fisenge e outras 16 entidades, “Privatizações, a distopia do capital” e “Dedo na ferida”. A atual obra “A Bolsa ou a Vida”, está em exibição há três semanas e já está viralizando, segundo o diretor. A obra já foi apresentada junto a Federação dos Arquitetos e na 10a Mostra Ecofalante.

 

“Esse filme é feito com a intenção de  gerar um debate nacional. Uma discussão sobre o futuro que a gente quer construir. Para mim, este é um filme panfletário com proposta de mostrar as populações que são descartadas do debate nacional, as periferias, indígenas e quilombolas”, destaca o diretor.

 

Para os presentes na plenária final, o filme é uma importante ferramenta para debate tanto do momento atual quanto para a concepção de sociedade à luz do sistema econômico mundial que é dominado pelo capitalismo.  A montagem mostra que a dominação e a opressão acontecem por todo mundo, inclusive em países considerados comunistas, como a China, que possuem multimilionários.

 

“A grande unanimidade que a obra traz é que em nenhum momento ninguém defende o capitalismo ou sua humanização. Os entrevistados, principalmente intelectuais, todos são muito críticos ao modelo econômico. É um sistema que coloca em risco a natureza e a humanidade”, enfatiza Tendler, acreditando que a “a saída está na adoção do socialismo. Todos são unânimes nesta reflexão, restando debater que socialismo é este do futuro e eu sou um otimista”.

 

Preservar o meio ambiente

O debate trouxe como questão central o meio ambiente no Brasil, o papel do agronegócio e do desenvolvimento nacional. Para o cineasta, o país tem que se preocupar muito com a escassez de água. Silvio Tendler falou do seu filme, “Sujeito oculto na rota do Grande Sertão” (Veja aqui), e relatou que as veredas estão sendo destruídas por conta dos eucaliptos. Tendler ainda alertou para os riscos da mineração. “Precisamos discutir esse tal progresso respeitando a natureza. O que temos visto nessa seca é um drama e qualquer partido que assuma o poder em 2022, se não construir um programa que leve em consideração a natureza, não vai adiantar nada. Vamos perder muito”, alerta.

 

Como mensagem final, o cineasta pediu uma engenharia sustentável. “Já que estou falando para engenheiros e engenheiras, quero deixar para eles a mensagem sobre a responsabilidade de construir um mundo futuro. Nós precisamos utilizar a engenharia de uma forma que permita a coabitação com a Natureza. Quando vocês constroem cidades, ruas, estradas, vocês devem levar em consideração não tornar o solo impermeável. Que as casas sejam construídas pensando nessa aliança com a Natureza”, pediu o cineasta.

 

ASSISTA O FILME

FILME | A Bolsa ou a Vida, 2021.

 

LINK INCORPORAÇÃO

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