Os impactos político, social e econômico provocados pelo encerramento das atividades da Ford no Brasil serão tratados em um debate online na próxima quinta-feira (21), às 17 horas, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA). Participarão do evento gratuito e intitulado “Vamos Debater?”, o engenheiro de produção e diretor do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, Allan Hayama; o ex-presidente da Petrobras, professor e pesquisador do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) Sérgio Gabrielli, o professor de Economia da Universidade Federal da Bahia, Ualace Moreira; e o conselheiro da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica do Crea, Leonardo Cotrim. O evento será transmitido ao vivo pelo canal do Crea no Youtube (youtube.com.br/creaba1).
De acordo com Allan Hayama, não trata-se apenas de um complexo industrial, mas de um complexo logístico, industrial e de comunicação que está sendo descontinuado dentro da Bahia. Entre os elementos importantes que precisam ser discutidos, ele destaca a capacidade de produção e toda infraestrutura tecnológica do espaço. “É preciso refletir quais são as saídas viáveis. Abre-se um momento histórico único, muito peculiar, que nos impulsiona a pensar estrategicamente, para não tomar decisões somente no curto prazo. O que significa, a longo prazo, a utilização dessa fábrica? Qual a estratégia de política industrial que queremos?”, questiona.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (15), o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia da Bahia se posicionou sobre o encerramento das atividades da Ford no Brasil e manifestou a necessidade de adoção de políticas públicas, já que o setor automotivo representa 22% do PIB brasileiro. Segundo a nota do Confea, a recuperação passa pela implantação de um Programa Nacional de Desenvolvimento com foco em inovação, pautado na transição tecnológica que ocorre no setor automobilístico mundial. “Há que se investir pesadamente em programas de nacionalização da cadeia automotiva. No mesmo compasso, esse lamentável episódio da Ford revela a necessidade de diversificar nosso modal de circulação de transporte terrestre para o aquaviário e o ferroviário, giro necessário que irá fomentar emprego e renda, em razão da construção de ferrovias, portos e potencialização da navegação de cabotagem”.
Atento aos prejuízos causados pela saída da Ford da Bahia, o presidente do Crea, engenheiro agrimensor Joseval Carqueija destaca as perdas da engenharia. “É preocupante, pois já estamos sofrendo com perda de postos de trabalho, profissionais sem perspectivas de emprego. Enquanto estamos pensando em ampliar e buscar alternativas para geração de emprego e renda para a Bahia, somos surpreendidos com o fechamento de uma fábrica que emprega tantos profissionais”, pondera o presidente.
Carqueija destaca ainda que a Ford gera atividades econômicas, desde emprego aos profissionais das engenharias a fornecedores, prestadores de serviço, além de empresas que dão suporte a operação. “É um prejuízo incalculável”, afirma.
Saiba mais – Todas as perspectivas serão tratadas na primeira edição do Vamos Debater? Criado pela nova gestão do Crea com o objetivo de discutir assuntos de interesse da engenharia e apontar soluções que promovam, além da inserção do profissional habilitado no mercado, o desenvolvimento da Bahia e do Brasil.
Nadja Pacheco/Crea BA