O pavilhão do Mundo do Trabalho,na sede de LO Denmark, onde estão reunidos sindicalistas de todo o mundo, foi o cenário do painel “Justiça Social e climática: criando uma economia para os povos e o meio ambiente”, promovido pela Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas (CSA) no dia 15 de dezembro.
As principais questões propostas para reflexão tinham um olhar amplo, para além dos resultados imediatos da COP15 e buscavam estimular o debate sobre temas como: Quais são os elementos chaves para o desenvolvimento sustentável nas regiões? Quem vai pagar a dívida social e climática? Como criar justiça social e climática? Foram convidados atores de diferentes áreas para compartilhar seus pontos de vista com contribuições para uma transição justa.
Cristián Méndez, representante da Plataforma Camponesa Boliviana, demarcou as diferentes concepções que têm latino-americanos e europeus sobre o modelo de desenvolvimento. “Nós somos camponeses, porém seguimos vivendo como povos originários, nunca saímos do nosso território. Muito nos tem afetado o modo de desenvolvimento capitalista sobre o nosso modo de vida, orientado para o bem viver em harmonia com a natureza. O camponês europeu tem uma concepção muito diferente da do sul”.
O secretário de Relações Internacionais da CUT Brasil, João Felício, recordou que hoje na América do Sul se vive um momento importante de consolidação democrática com governos progressistas, o que facilita as iniciativas de integração regional e desenvolvimento sustentável, em meio a um contexto de fortes disputas e interesses. “Devemos ter clareza sobre a disputa existente entre o agronegócio devastador (soja, etanol, pecuária) e a agricultura familiar geradora de emprego. No plano da segurança regional, não podemos tolerar as bases militares dos Estados Unidos na Colômbia”. Finalmente, Felício avaliou como importante a atuação da CSA em termos de unidade e coordenação de políticas sindicais na região.
Para a Confederação Europeia de Sindicatos (CES), Joel Decaillon enfatizou as dificuldades em passar de um modelo de desenvolvimento sujo a um modelo limpo e renovável. “Uma questão chave é combinar o combate às mudanças climáticas com a geração de emprego e seguridades social. Uma mudança radical no modelo econômico e industrial é necessário, porém aí se dá também a luta com o capital financeiro. Há urgência na criação de novas alianças sindicais com outros setores sociais e, ao mesmo tempo, de não permitirmos a competição entre os trabalhadores de uma mesma região, segundo a lógica perversa do dumping social. Devemos impulsionar a solidariedade”.