“Estamos vivendo tempos de militarização da política”, defende deputado

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Texto e foto: Camila Marins

Em reunião realizada, no dia 2/3, durante o planejamento estratégico da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), o deputado federal, Wadih Damous, afirmou que o país vive um processo de militarização da política. Logo após o carnaval, no final de fevereiro, o governo federal anunciou uma intervenção militar no estado do Rio de Janeiro. “No meu ponto de vista, a utilização do Exército vem para impor uma agenda ultra neoliberal. Ficaram temerosos com o que aconteceu no carnaval com a crítica das escolas de samba”, disse Wadih, destacando que essa intervenção veio para tirar o protagonismo de juízes para entrarem os militares.

O parlamentar ainda alertou para a proposta de projeto de lei, que cria o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), entregue pelo presidente do Senado Eunício Oliveira, no dia 1/3, para o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann. De acordo com Wadih, este projeto, denominado de “SUS da Segurança Pública”, consolida o punitivismo e a crença ideológica de que o direito penal é a solução. “A agenda do Congresso, semana que vem, tem a ver com segurança pública. O golpe abriu a caixa de pandora do fascismo. Eles têm a maioria no Parlamento e vamos assistir a um circo de horrores, como aumento da repressão sobre as populações favelas, execuções sumárias, flexibilização do uso de armas, privatização de presídios. O massacre sobre a população nas favelas, por exemplo, não sai na mídia privada. O dado novo na conjuntura é a militarização da política, que tende a se aprofundar”, argumentou.

Eleições

Segundo Wadih, existe a possibilidade da realização de uma eleição tutelada. “No Brasil, existe uma tradição de apego a aparências de legalidades. Nós já estamos no Estado de exceção em um processo de militarização”, destacou o parlamentar, reforçando que boa parte do desemprego e da crise econômica foram gerados pela Lava Jato. “Utilizaram o argumento de irresponsabilidade fiscal para legitimar o golpe presidencial. O que há hoje é um ‘golpe branco’, para consolidar um projeto ultra neoliberal hegemônico em todo o mundo com o parlamento e a mídia hegemônica como operadores”, explicou Wadih, lembrando que o aprofundamento da agenda neoliberal faz parte de um contexto internacional. “Na França, a reforma trabalhista que estão tentando fazer é quase uma cópia da lei aprovada no Brasil. A essência é basicamente a mesma. A esquerda deve atuar conjunturalmente unida e de forma unificada”, contextualizou.

Diante de tantos retrocessos, Wadih é otimista. “A nós, compete resistir. Não temos direito ao desânimo. Temos que nos organizar e enfrentar. O povo precisa ser protagonista da política”, concluiu.