Esse o alerta do economista e ambientalista Sérgio Besserman Vianna na palestra magna que abriu oficialmente, na manhã de ontem, 26/10, o Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente de 2011. Em pouco mais de uma hora, Besserman, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável e de Governança Metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, ilustrou o passado – ao falar da forma com que, ao longo da história, a natureza e a vida no planeta passam por cataclismos naturais, se renovam e sobrevivem -, alertou para um futuro já irremediavelmente comprometido pela ação do homem e destacou, principalmente, um presente que exige uma decisão imediata e uma verdadeira revolução.
Segundo Besserman, a humanidade se comporta como “um dependente químico que não se trata”, ciente do problema, mas sem nenhuma reação concreta que aponte para mudança. “Tínhamos um nível de segurança de elevação da temperatura global de, no máximo dois graus. As últimas pesquisas já determinaram que, independente do que façamos agora, teremos uma elevação de três graus nos próximos anos. Alguns cenários apontam para uma elevação de até sete graus”. alertou. Segundo ele, para não passarmos do aumento de três graus de aquecimento, é preciso um completo abandono da nossa civilização e a construção de uma nova economia. “A humanidade está no momento em que deverá decidir se passa ou não da infância para a idade adulta. Vivemos sem muita preocupação, mas a conta chegou. E precisa ser paga imediatamente”, definiu Besserman.
O padre Antônio Canuto, secretário executivo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) falou logo em seguida, destacando as violentas relações de poder no campo, refletidas nas muitas mortes daqueles que lutam pela terra e pela preservação das florestas contra o poderio financeiro e político de madeireiras e grandes latifundiários. Segundo Canuto, por trás das mortes e da violência, há um modelo de desenvolvimento com firmes bases na predação dos recursos, na expoliação dos bens dos mais fracos e na concentração do poder sobre a terra. “Não por acaso, no exato dia em que assassinaram o casal José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, no Pará, o Congresso votava o famigerado código florestal. Quando a morte deles foi anunciada, a bancada ruralista vaiou a notícia. É um retrato fiel do poder no Brasil”, declarou.
Participaram dos debates do dia, ainda, Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia; Marilene Ramos, presidente do INEA; o ex-senador Saturnino Braga; Manoel Lapa, vice-presidente do Clube; Clayton Guimarães, presidente em exercício do CREA-RJ; Moacyr Duarte de Souza, coordenador técnico do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental da UFRJ; Ricardo Valcarcel, chefe do laboratório de Bacias Hidrográficas da UFRRJ e Dieter Carl Muehe, da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais.