Nas últimas décadas, as mulheres invadiram o mercado de trabalho e a vida pública. No Brasil, a participação feminina aumentou expressivamente: em 1999 representavam 41,4% da População Economicamente Ativa (PEA) contra 31,7% em 1979. Esse ingresso veio associado a transformações nas relações familiares e conjugais (como exemplo, o número de famílias chefiadas por mulheres encontra-se em constante crescimento). Esses avanços, no entanto, encobrem obstáculos importantes a serem superados no século XXI.
O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) elaborou dois índices para mensurar o avanço feminino na sociedade e no espaço de trabalho: o ‘índice de desenvolvimento relacionado ao gênero (GDI)’ e o ‘índice de poder (empowerment – EM) de gênero. No primeiro índice, o Brasil ocupa a 66ª posição, bem atrás da Argentina (35), Uruguai (37) e México (50) e até de países islâmicos como a Malásia (57) e a Líbia (65).
Em outras palavras, as mulheres representam mais de 40% da força de trabalho no país. Porém, esta inserção ainda é preponderante nas ocupações e ofícios que guardam correlação direta com as funções que elas desempenham no espaço doméstico, tendo menor status social e demandando menor qualificação formal; conseqüentemente resultando em uma menor renda.
E, apesar de estudarem por um período mais longo, obtendo no setor industrial, por exemplo, um ano a mais de escolaridade do que os homens, o diferencial de remuneração persiste elevado: em São Paulo, por exemplo, as mulheres recebem, por hora, 76% do rendimento obtido pelos homens e o desemprego feminino fica sempre acima do masculino. E quanto maior a escolaridade, maior a diferença salarial entre homens e mulheres na mesma ocupação. Esse padrão se repete em muitos países. Mas, para mulheres brancas, esta diferença em relação aos homens está caindo. Projeções indicam que daqui a 30 anos não haverá mais discriminação salarial contra elas.
As barreiras, visíveis e invisíveis, que mantêm as mulheres fora dos cargos mais qualificados e mais bem remunerados são inúmeras: a feminização de determinadas profissões e sua subseqüente desvalorização, resistências sociais, a maternidade e a desigualdade na divisão das tarefas domésticas, a falta de massa crítica de mulheres nas organizações, etc.
Mas as mulheres reivindicam, cada vez mais, os seus direitos e conforme apontado em pesquisa da Harvard Business Review as empresas estão mudando as suas estratégias com o objetivo de recrutar e reter mulheres qualificadas. Algumas das mudanças implementadas são um diálogo mais extenso sobre as mudanças necessárias na cultura organizacional da empresa; implementação de políticas para equiparar salários e oportunidades; designação de responsáveis diretos pela implementação de mudanças; e avaliação de progressos nas áreas específicas.
Em um complemento aos avanços nessa luta, durante a 3ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, realizada em Brasília no ano passado, a presidente Dilma Rousseff anunciou que seu governo construiu 1.500 creches este ano e que, até 2014, serão mais 6 mil. O objetivo é dar alternativa para as mulheres terem onde deixar seus filhos em segurança enquanto trabalham.