Entre os dias 22 e 24/5, ocorreu o fórum BR Cidades, em São Paulo. Com duração de três dias, o evento tem o objetivo de reunir pesquisadores, movimentos sociais, organizações não-governamentais, estudantis, entidades sindicais e profissionais de engenharia e arquitetura. O fórum teve a participação do engenheiro e presidente da Fisenge, Clovis Nascimento, na palestra sobre saneamento (23/05) e do engenheiro e vice-presidente da Fisenge, Ubiratan Felix na mesa sobre mobilidade urbana (24/05).
Clovis Nascimento relembrou sua participação no governo federal entre os anos de 2003 e 2005, quando assumiu o cargo de Diretor Nacional de Água e Esgotos da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades. “A nossa prioridade do governo era a população mais pobre”, afirmou. Ele contou ainda sobre a criação de uma chave de avaliação para disponibilização de recursos. “Utilizamos, por exemplo, o índice de GINI e outros referenciais sociais, qualificando o investimento público. Levamos água a um dos municípios mais pobres, em Guaribas, no Piauí”, pontuou.
No dia 24/05, o engenheiro Ubiratan Felix abriu o evento na mesa sobre mobilidade urbana. O engenheiro enfatizou a necessidade de discutir o transporte por demanda (Uber e etc). “No Brasil, existe o fetiche do automóvel associado à ascensão social e boa parte da classe média está substituindo o transporte coletivo pelo individual”, disse. Ubiratan ainda defendeu a necessidade de renovação de lideranças do movimento da reforma urbana.
A mesa contou também com o engenheiro Lúcio Gregori, ex-secretário de transportes da Prefeitura de São Paulo, o engenheiro Ailton Brasiliense presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Nazareno Affonso diretor do MDT (Movimento pelo Direito ao Transporte), Lívia Ramos e Jamile Santana grupo Frida de ciclistas ativos.
Lúcio Gregori fez uma avaliação sobre a mobilidade urbana no Brasil, partindo do princípio de que esta tem como objetivo aumentar os ganhos do capital. Jamile e Lívia enfatizaram que a sua organização tem como finalidade incentivar que mulheres negras e de baixa renda tenham acesso à mobilidade por meio da bicicleta e sua integração com outros modais de transporte. Nazareno Affonso falou sobre a necessidade de implantação da política de mobilidade urbana, priorizando a adoção da política de estacionamento, o pedestre com a construção de calçadas públicas e o transporte público em detrimento do individual.
Ailton Brasiliense mostrou que, nos últimos anos, a quantidade de passageiros transportados por quilômetro (IKP) diminuiu 50%, fazendo com que o custo unitário da tarifa dobrasse nos últimos vinte anos, exigindo que alguns municípios como São Paulo que subsidiava com 50 milhões por ano em 1992 passasse para 4,8 bilhões em 2017.
Confira os debates na íntegra:
Por: Stéphanie Marchuk – Estagiária de comunicação
Com supervisão de Camila Marins