Tradicionalmente, a engenharia é uma profissão que atrai mais homens que mulheres, ainda que essa relação varie entre as diversas especialidades e ao longo do tempo. A diferença cresceu nos últimos anos. Além disso, assim como as demais trabalhadoras brasileiras, as engenheiras recebem menos, independente da mesma qualificação profissional.
Dados da Confea registram que o Brasil tem 816.565 homens registrados e 180.083 mulheres registradas. No Paraná são 58.323 homens e apenas 10.267 mulheres. A diferença aumentou nos últimos anos. No biênio 2012/2013, a proporção era de 82,4% de homens e 17,6% de mulheres. No último registro do IBGE, no duenio de 2016/2017, a diferença ficou em 85,4% a 14,6%.
A área de atuação com mais engenheiras no Paraná é na engenharia civil. São 4,7 mil engenheiras. Número pequeno, no entanto, quando comparado com os 17,3 mil engenheiros civis. Elas são minoria em praticamente todas as especificidades. Mas o dado mais preocupante é a diferença salarial. Mesmo exercendo a mesma atividade e tendo a mesma formação, as engenheiras ganham o equivalente a 82,1% dos homens.
A maior diferença salarial é na engenharia química, de acordo com o livro “O mercado de trabalho e a formação da engenharia dos engenheiros no Brasil”. Nesta área, elas ganham 67,6% do equivalente deles. A menor diferença é na função de engenheiro mecatrônico. O salário da mulher representa 97,6% do homem.
Desigualdade profissional
A diferença de rendimentos também se repete no cenário das trabalhadoras do Paraná e do Brasil. As mulheres paranaenses ganham 28% a menos do que os homens. É o que aponta pesquisa do DIEESE. Elas recebem R$ 2.045 mensais em média contra R$ 2.831 dos homens. O valor é ainda o menor entre os três estados do sul. A diferença coloca as trabalhadoras do Paraná em segundo lugar no ranking de desigualdade de rendimentos, de acordo com a PNAD. A estatística negativa é liderada pelo Mato Grosso do sul, onde a diferença salarial atinge 30%.
Quando empregadas, as mulheres ainda sofrem com a jornada dupla e a desigualdade salarial. As mulheres gastam 95% mais tempo em afazeres domésticos do que os homens. Em relação ao rendimento, mesmo elas tendo o mesmo cargo, ganham bem menos. Os homens com ensino superior chegam a receber R$ 6,2 mil enquanto as mulheres formadas têm R$ 3,8 mil na média.
“A cada 10 diretores e gerentes, 4 eram mulheres, mas o rendimento delas foi 29% menor. Em média, eles ganharam R$ 40, por hora, enquanto elas receberam R$29”, contabiliza a PNAD.
Mapeamento
O projeto “Mapeamento da participação feminina do Sistema Confea/Crea” surgiu com o objetivo principal de incentivar a formulação de políticas nos Creas e entidades de classe visando motivar a ampliação da participação da mulher de forma protagonista na representação junto ao Sistema Confea/Crea e Mútua.
Um dado negativo é a rara presença de engenheiras como conselheiras titulares e suplentes federais. Em 2019 havia apenas uma conselheira suplente para 18 conselheiros titulares e 15 suplentes. A diferença de representação também pode ser vista nos CREAs. São 23 presidentes contra 4 presidentas nos mandatos de 2018 a 2020. Os dados estão no livro Programa Mulher.
Para enfrentar este cenário, as mulheres propõe incentivar a promoção anual de Encontros Nacionais das Mulheres do Sistema Confea/Crea, que poderão ocorrer anualmente. “Buscar o aumento de, no mínimo, 10% das taxas de participação das mulheres como Conselheiras nos Creas em relação a 2018 por meio de campanha de sensibilização em relação ao tema Equidade de Gênero junto aos Creas e as entidades de classe”, projetam.
As engenheiras vão participar de sessão Solene da Câmara dos Deputados em homenagem às mulheres em dia e local a ser definido pela Bancada Feminina.
Fonte: Senge-PR