Engenheira civil é eleita primeira mulher vice-presidente da Fisenge

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A engenheira civil e diretora de negociação coletiva do Sindicato dos Engenheiros de Sergipe (Senge-SE), Elaine Santana, foi eleita vice-presidente da Fisenge, a primeira mulher a assumir o cargo nesses 27 anos de fundação, durante a etapa virtual do 12° Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), no dia 12 de setembro. “A nossa luta foi grande, inclusive de organização. E registro o meu agradecimento à Simone Baía que termina seu mandato como diretora da mulher, ao meu sindicato, o Senge-SE e à Alméria Carniato, uma das precursoras do debate de gênero na nossa Federação. Temos muitos desafios e responsabilidades pela frente e a Fisenge é uma entidade referência na luta”, disse Elaine.

Promovido pela Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e patrocínio da Mútua, o Consenge acontece em duas etapas (virtual e presencial), devido às restrições impostas pela Covid-19. A etapa virtual do Congresso elegeu a nova diretoria da Fisenge para o triênio 2020/2023.

Elaine é técnica em edificações pela Escola Técnica Federal de Sergipe e formada em engenharia civil pela Universidade Federal de Sergipe. É pós-graduada em saneamento e meio ambiente e acumula experiência profissional em execução de obras públicas e comerciais em todo o país e em licitações públicas e elaboração de orçamentos de obras na Prefeitura Municipal de Aracaju. Também atuou como professora substituta no curso de engenharia civil no IFS-SE, do curso de edificações da mesma instituição e ministrou diversos cursos profissionalizantes e de aperfeiçoamento na área da engenharia e construção civil. Atualmente, é assessora técnica do Crea-SE desde 2012.

FISENGE: Como foi o seu engajamento com o movimento sindical? Quais foram os avanços e o que você identifica que ainda precisa avançar?

ELAINE: Sou filha de dois sindicalistas. Fui criada em meio a reuniões e assembleias e pude conhecer de perto o trabalho e a dedicação por uma categoria. O movimento sindical avançou pouco, justamente pelo nosso ponto fraco que é a comunicação e precisamos aprimorar. É ainda mais urgente mostrar para a sociedade a importância dos sindicatos e a necessidade da continuidade da nossa luta. Além disso, trazer as novas gerações para o movimento sindical é, sem dúvida, o maior dos desafios.

FISENGE: Quais os desafios de assumir a vice-presidência da Fisenge?

ELAINE: São muitos os desafios, principalmente por ser a primeira mulher nessa função. Pretendo levar o nome e o trabalho da Fisenge para mais profissionais e apoiar os nossos sindicatos de base a se manterem vivos e atuantes nesse momento de crise política e institucional em que vivemos. Queria destacar a importância da luta da nossa companheira Alméria do Sindicato dos Engenheiros da Paraíba (Senge-PB), que foi a precursora da luta das mulheres engenheiras dentro da Fisenge. Para que eu esteja onde estou hoje, ela e muitas outras lutaram incansavelmente por essa representatividade dentro da federação. Apesar de um espaço democrático, não foi fácil a inserção da pauta feminina na nossa entidade e foi ela junto com muitas outras nas gestões anteriores que conseguiram essa verdadeira “ocupação”. A diretoria da mulher – nos últimos seis anos capitaneada pela companheira Simone Baía do Sindicato dos Engenheiros do Espírito Santo (Senge-ES) – foi, sem dúvida, a mais atuante e com maior visibilidade junto à sociedade, levando o nome da Fisenge mais longe do que imaginávamos. A minha função na Fisenge é fruto do trabalho de mulheres incríveis, como Almeria e Simone. A luta feminista não pode parar.

FISENGE: Qual o papel da engenharia na reconstrução do país?

ELAINE: Fundamental. Não existe reconstrução de um país que não passe pela reestruturação da engenharia local e valorização do conteúdo nacional. Será um grande desafio, pois uma boa parte do que estava construído foi destruído por esse projeto de governo que, praticamente, dizimou as grandes empresas e acabou com o crescimento da área que experimentamos na época dos governos progressistas. Desenvolvimento anda junto com investimento em infraestrutura e não há como deixar de associar os dois conceitos.

FISENGE: Como a importância do engajamento das mulheres engenheiras nos sindicatos e na política?

ELAINE: Já somos maioria em diversas modalidades da engenharia, mas não temos a devida representatividade dentro do Sistema Confea/Creas, das entidades e da política. Como oferecer políticas públicas voltadas para a maioria da população – que somos nós, mulheres – se não ocupamos os espaços onde são definidos os rumos do nosso país? Precisamos atuar, sim, apoiar as outras mulheres a entrarem nos sindicatos, nos partidos e nas entidades e exigir sempre o direito de fala e de ocupação dos espaços de poder. Somos em maior número e precisamos levar essa força para cima dessa pirâmide.

FISENGE:  Na gestão passada, você foi coordenadora do Coletivo de Estudantes. Que estratégias podem ser aplicadas para a aproximação dos estudantes junto aos sindicatos?

ELAINE: Precisamos estudar o perfil dos novos egressos dos cursos de engenharia, que mudou muito de uma década para os dias atuais. Só entendendo a dinâmica e a necessidade dessa nova geração, poderemos traçar ações eficazes para atrair esse público para o movimento sindical.

FISENGE:  Quais os desafios nessa próxima gestão da Fisenge, considerando a pandemia?

ELAINE: Em primeiro lugar, assegurar a saúde e segurança das nossas atuais lideranças que, em sua maioria, estão no grupo de risco. Desta forma, mantemos o trabalho da Fisenge e a sua eficiente atuação política sem comprometer nenhum dos seus membros. Também entendo como essencial o uso incansável das plataformas digitais para nos aproximarmos das nossas bases e difundirmos ainda mais o nome da federação, considerando o aumento do uso das mídias digitais. Acho que o maior desafio será esse: crescer e manter a luta com segurança para todos, visto que o “corpo a corpo”, o contato e a proximidade com as pessoas sempre foram as estratégias principais de todo o movimento sindical. Além disso, é fundamental manter a entidade na luta frente a um governo que tenta desmontar as entidades sindicais. A luta é pra continuar vivo e ativo, resistindo pela categoria e militando junto pela garantia do direitos de toda a população.