“Indústria 4.0 e o futuro do profissional” foi o tema da palestra ministrada pela engenheira civil e diretora da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros), Elaine Santana, no dia 18/9, durante a 76ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (SOEA), em Palmas (TO). Apresentando um contexto histórico das transformações ao longo dos séculos, Elaine explicou que as três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. “A quarta revolução industrial terá um impacto mais profundo e exponencial e se caracteriza por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico”, afirmou.
A primeira revolução foi a mecânica por meio das máquinas com o uso do vapor. Já a segunda aconteceu com a descoberta da eletricidade e a terceira com a informatização e automação. Com a quarta revolução industrial com Big Data e Inteligência Artificial, há preocupações com o desemprego estrutural e o fim de determinadas profissões, como já apontou o Fórum Econômico Mundial de 2016, em Davos. “Há profissões com probabilidade muito alta de desaparecer, como árbitros, analista de crédito, porteiro, contadores, bibliotecários e telemarketing. Na Europa deve acontecer com maior rapidez, por conta do nível de industrialização”, explicitou Elaine. Por outro lado, as profissões de engenheiros de vendas e analistas de sistemas têm baixa probabilidade de acabar. Já as profissões que devem ser ainda mais requisitadas são aquelas que cuidam da saúde mental como psicologia e atividades de recreação. De acordo com Elaine, devido à alta produtividade e também ao possível desemprego, os trabalhadores ficarão mais adoecidos.
Uma questão apontada pela engenheira foi o desequilíbrio na relação entre produtividade e mercado de consumo. “A nossa produtividade cresceu de forma exponencial, mas a renda das famílias não acompanha esse crescimento. Ou seja, há uma depreciação da nossa qualidade de vida, pois produzimos e trabalhamos muito mais e com dificuldade de acessar renda e emprego”, explicou. Para os profissionais, o desafio será de inovação e atualização contínua. “Precisaremos desenvolver a capacidade de visualizar as futuras profissões, aprimorar o uso de ferramentas digitais, incentivar a capacidade de solucionar problemas, estimular o trabalho em equipe e inovar na construção do conhecimento”, pontuou.
De acordo com dados do site The Great Decoupling of the U.S. Economy on MIT economist Andrew McAfee’s blog, o perfil das pessoas que sentem que empregos serão impactados pela inteligência artificial é formado por uma maioria de jovens de 22 a 32 anos (71%); de 46 a 60 anos (3%); de 33 a 45 anos (58%). Em relação à formação dos engenheiros, segundo Elaine será preciso desenvolver uma visão holística. “Eu sempre falo para os meus alunos que o engenheiro precisa ter capacidade de dialogar desde o pessoal da operação até com executivos da direção de uma empresa. Além disso, é importante a adoção de disciplinas multidisciplinares e transdisciplinares nos cursos e o incentivo à empatia e à cooperação”, concluiu.
Texto e foto: Camila Marins