Plenária nesta quarta (9) reuniu 2 mil agricultores (as) familiares que debateram temas como a importância da continuidade da política de valorização do salário mínimo
Trabalhadores e trabalhadoras da Agricultura Familiar da CUT deram início na manhã desta quarta-feira (9) à 8ª Marcha da Classe Trabalhadora. Antes do encontro com as outras centrais e categorias, na Praça da Sé, houve plenária na quadra dos Bancários com representantes da Federação da Agricultura Familiar (FETRAF), Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Estado de São Paulo (FAF) e o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.
Diante dos dois mil trabalhadores e trabalhadoras reunidos (as) pela plenária, Vagner destacou que a CUT quer que a pauta da classe trabalhadora seja destravada no Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados), e a reforma agrária está entre os pontos principais das reivindicações das centrais. “Não se trata de um ato partidário, mas de uma reivindicação sindical para destravar nossa pauta no governo, seja do estado, municipais, governo federal, Câmaras ou Assembleias Legislativas”, afirmou aos trabalhadores e trabalhadoras do campo.
“Para que se entenda, de uma vez por todas, que não há desenvolvimento sem atender à pauta dos (as) trabalhadores (as). E desenvolvimento significa melhorar a qualidade de vida do povo. Por isso não aceitamos mais a manutenção do fator previdenciário e continuarmos sem a redução de jornada de trabalho”. A Marcha contou com mais de 40 mil pessoas.
O presidente da CUT cobrou, ainda, posicionamento firme do governo pela manutenção da política de salário mínimo, construída em luta na rua pelas Centrais e não dada por parlamentares ou governos. Também considera essencial o reajuste da tabela de imposto de renda. “Nossa unidade tem que chegar até a avenida Paulista para construir o movimento que faça com que a pauta dos trabalhadores seja ouvida”, afirma.
A política de valorização do salário mínimo foi pauta também destacada por Carmem Foro, vice-presidente nacional da CUT, que a relaciona aos/às agricultores/as. “Queremos destacar a mobilização para a manutenção da política de valorização do salário mínimo, que é importante, claro, para o conjunto da classe trabalhadora, mas especialmente para a agricultura familiar. Só avançaremos nas pautas de agricultura com mobilização e a CUT é a central que mais reúne entidades ligadas aos agricultores.”, ressalta a sidicalista.
O sucesso nos momentos de convergência das centrais sindicais também foi lembrado no ato. Como prova, Vagner Freitas cita a união em torno do nome de João Felício, da CUT, primeiro presidente latino-americano eleito para a presidência da CSI (Confederação Sindical Internacional).
O presidente da central também destacou a situação e atraso do estado de São Paulo em pautas importantes para a sociedade. “São
Paulo era a locomotiva do Brasil e agora é símbolo do atraso, com sucateamento da saúde, educação, Metrô e problemas sérios na agricultura familiar.” O presidente aponta a agricultura familiar como uma das pautas principais da CUT no segundo semestre.
O papel da agricultura familiar na sociedade é destacado por Marco Pimentel, presidente da FAF. “Viemos para mostrar para a cidade qual o poder do campo na luta dos trabalhadores. Em São Paulo, 95% das terras agricultáveis estão nas mãos do agronegócio para produzir eucaliptos, soja, pasto e cana. Só 5% está nas mãos dos agricultores familiares para produzir alimento”, aponta, lembrando que os agricultores familiares são responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. “O estado mais rico do país não tem crédito, sucatearam políticas como CAT e desmontaram o Itesp [Instituto de Terras do Estado de São Paulo]. São Paulo, que administra o maior recurso da União, não destina recurso para a agricultura familiar”, critica.
Marcos Rochinski, coordenador da Fetraf, destaca o papel da CUT na discussão da agricultura no país. “Estamos em pleno processo de lutas e negociação da nossa pauta de reivindicação e precisamos que a CUT se some nessa luta. A CUT tem que chamar a responsabilidade para si e, além da marcha, realizar manifestações no segundo semestre para lembrar que esse ano internacional da agricultura familiar e mostrar a importância desse tema na economia do país e na organização dos trabalhadores”. Para a vice-presidente da CUT, Carmen Foro, destaca as iniciativas da CUT na discussão e afirma que “Reforma agrária, assim como agricultura familiar, são fundamentais para mudar o Brasil e garantir alimentos na mesa dos brasileiros”.
Para o presidente da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, a ausência de reforma agrária é também uma das causas de violência e pobreza em São Paulo. “A CUT nasceu defendendo reforma agrária nas ruas e o que vemos em São Paulo são sinais de violência e pobreza que, se houvesse uma reforma agrária, não estariam no nível que está. Exigimos a aceleração da reforma agrária e que ela dê condições para que quem viva na terra possa produzir.” O dirigente destaca que, além das dificuldades técnicas de plantio, ainda há a dificuldade de estrutura para escoamento da produção. “Não há responsabilidade do governo de São Paulo para dar proteção aos agricultores familiares. O modelo de desenvolvimento paulista é inadmissível”.
Segundo o secretário Geral da CUT/SP, Sebastião Cardozo, a justiça brasileira também precisa rever suas ações. “O Judiciário paulista serve aos latifundiários e atrasa a reforma agrária. Além disso, existem famílias que estão há mais de cinco anos na terra e que agora sofrem com ações de despejos”, conclui o dirigente.
Escrito por: CUT Nacional e CUT-SP