Em manobra, deputados aprovam projeto de privatiza o saneamento brasileiro

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Na noite de ontem (11/12), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 4.162/2019 que privatiza o saneamento brasileiro. Em uma manobra, os parlamentares apresentaram o PL de autoria do Poder Executivo, e não o PL 3.261, de autoria do Senador Tasso Jereissati, que estava em discussão desde o 1º trimestre deste ano. Esta é uma nova tentativa do governo federal de mudar as regras para serviços de saneamento básico.

Duas medidas provisórias sobre o tema (844/18 e 868/18) já perderam a vigência sem serem votadas pelo Congresso. A principal polêmica é a viabilidade de abastecimento de locais com pouca atratividade para a iniciativa privada, acabando com o subsídio cruzado, pelo qual áreas com maior renda atendidas pela mesma empresa financiam parcialmente a expansão do serviço para cidades menores e periferias. De acordo com o engenheiro e presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Clovis Nascimento, este PL retorna todos os itens que haviam sido, arduamente, debatidos entre os parlamentos, movimentos sociais e entidades. “O que aconteceu foi um retrocesso pior do que imaginávamos. Voltamos à estaca zero com um projeto que mantém a água como mercadoria, privatizando todos os serviços”, explicou.

Clovis, que também integra o Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS), ainda destacou que a população mais pobre será a mais prejudicada. “A majoração da tarifa pelo lucro ampliará a desigualdade social e, como estudos e exemplos internacionais apontam, a iniciativa privada não irá investir no setor”, disse.
O texto-base foi aprovado por 276 votos a 124, em votação no plenário da Câmara dos Deputados e seguirá para o Senado.

 
 
 Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados