Em iniciativa pioneira, Coletivo de Engenheiras e Engenheiros Negros promove debate em Sergipe

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No dia 23 de maio, o “Coletivo de Engenheiras e Engenheiros Negros André Rebouças” promoveu o debate “Desmistificando o 13 de maio e fortalecendo o 20 de novembro como o dia da consciência negra”. Com o apoio do Sindicato dos Engenheiros de Sergipe (Senge-SE), o evento contou participação do professor, doutor e filósofo, Romero Venâncio da Silva; da professora, doutora e pedagoga, Maria Batista Lima; e do educador, ator e coordenador do Movimento Negro Unificado de Sergipe (MNU-SE), Carlos Augusto Santos da Conceição. O debate iniciou com uma apresentação do engenheiro químico e de segurança do trabalho e coordenador do Coletivo, Valdir Zacarias Pimentel que falou sobre a criação do grupo e o motivo da homenagem ao abolicionista André Rebouças, primeiro engenheiro negro do Brasil, que se destacou por resolver o problema de abastecimento de água na então capital do Império.

De acordo com Valdir, o processo de abolição da escravatura no Brasil foi gradual, sendo precedido pelas  Lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravizados, a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguida pela Lei do Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizada pela Lei Áurea em 1888. “Em uma análise mais aprofundada, verificamos que tais leis não favoreciam os negros escravizados, mas sim os proprietários de escravos. A Lei Áurea não significou verdadeira a libertação dos escravizados, pois os negros foram jogados na escravidão social que perdura por 131 anos”, avaliou.

Coordenador do Coletivo  de Engenheiros e Engenheiras Negros André Rebouças – Senge-Se

A verdadeira história do negro no Brasil nunca foi contada ou ensinada nas suas aulas nas escolas onde estudaram. Ainda segundo Valdir, há na academia um grupo de estudiosos e pesquisadores que discutem o regate do dia 13 de maio como um fato histórico que não pode ser desconstruído, podendo ser comemorado como tal, além da celebração do 20 de novembro como o dia da consciência negra. “Uma maioria discorda da comemoração do 13 de maio como o dia da libertação dos escravos negros e reconhecem que só o dia 20 de novembro simboliza a verdadeira luta pela libertação dos negros escravizados no Brasil Colonial. A Lei Áurea que extinguiu tardiamente o regime escravista só foi áurea para os senhores de escravos que tiraram vantagens das leis outorgadas”, analisou Valdir que ainda acrescentou: “A abolição da escravatura pode ter minorado ou libertado os negros dos castigos físicos, mas levou a outro tipo de escravidão, que é a social, perdurando por 131 anos. Estamos em outra luta pela libertação do povo negro que é a luta pela democracia racial”.

Ao final do evento, a coordenação do Coletivo de Engenheiras e Engenheiros Negros André Rebouças confirmou a realização de mais atividades ao longo do ano.