Crea-MG estimula debates sobre desenvolvimento regional e nacional para o CNP

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O Crea-MG organizou, juntamente com os sindicatos dos engenheiros (Senge-MG), dos setores elétrico (Sindieletro), de petróleo (Sindipetro), de telecomunicações (Sinttel) e de água e esgoto (Sindágua), uma mobilização, no dia 27 de março de 2019, na sede do Conselho. O objetivo foi provocar as discussões em torno do tema central do 10º Congresso Nacional de Profissionais (CNP) “Estratégias da Engenharia e da Agronomia para o Desenvolvimento Nacional” e dos eixos temáticos inovações tecnológicas, recursos naturais, infraestrutura, atuação profissional e atuação das empresas de engenharia. A mediação da mesa foi feita pela engenheira química e diretora da mulher da Fisenge, Simone Baía, para discutir e propor alternativas para a retomada do desenvolvimento nacional. “Falar em desenvolvimento exige, necessariamente, comprometimento com a engenharia nacional e a soberania. Os efeitos das privatizações atingem a nossa categoria com demissões, terceirizações e rebaixamento salarial, além provocar piora no fornecimento de serviços públicos, encarecer as tarifas e privilegiar o lucro.”, afirmou Simone.
 
O evento, que também contou com a participação da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), foi aberto pelo presidente do Crea-MG, engenheiro civil Lucio Borges. “Muitos profissionais que atuam nesses setores são do Sistema Confea/Crea, por isso achamos muito importante provocar os debates para podermos nos posicionar e dar o nosso apoio”, afirmou.

No início do encontro, o engenheiro eletricista Pedro Jaime Ziller de Araújo, ex-diretor do Sittel e da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Fittel), abordou a história dos serviços de telecomunicações no Brasil e destacou que com as privatizações das empresas o país perdeu dinheiro com a evasão de divisas. “A Telefônica Mundial teve um lucro em 2018 de 3,33 bilhões de euros. Desse valor, 2,94 bilhões vieram da Vivo, o equivalente a 63%. Perdemos muito dinheiro e pagamos o preço mais caro do mundo em telecomunicações”, enfatizou.  

Na sequência o presidente da Fisenge, engenheiro civil Clovis Nascimento, explicou que o acesso ao saneamento básico é um direito de todos e não pode ser visto como uma mercadoria. Ele acrescenta que, desde a década de 90, o setor tem sido alvo de privatizações. “Em 1997, fundamos a Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental e conseguimos vetar a PL 4147/2001, que queria acabar com a titularidade municipal. Em 2018, houve um forte movimento para privatização do setor com a Medida Provisória 844 e novamente, conseguimos derrubá-la”, ressaltou.   

Já a crítica às privatizações do setor elétrico foi feita pelo professor de engenharia elétrica da PUC Minas Nilo Sérgio. Ele destacou que as experiências de privatização não resolveram o problema da dívida pública dos estados. “O problema da dívida não são as estatais, e sim os privilégios. A solução é investir em políticas públicas para gerar renda, promover o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Muitos acham que tem que privatizar, mas não falam como reduzir os privilégios”, afirmou.   

Ao final do encontro, o geólogo e ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, explicou que o Brasil apesar de ser uma das maiores economias mundiais e um dos países com mais recursos minerais, ainda não consegue explorar bem suas fontes energéticas. Ele lembrou que em 2006, quando foi descoberto o pré-pal, o governo investiu em pesquisas no setor. “A descoberta do pré-sal foi resultado da decisão política. É a empresa estatal que pratica políticas de estado ligado ao desenvolvimento nacional”, destacou. Guilherme acrescentou que hoje estamos assistindo mais que um desejo de privatização das empresas brasileiras. “Estamos assistindo a desnacionalização da economia. Vamos transferir para o exterior toda a riqueza produzida no Brasil”, destacou. 

 

 Fonte: Crea-MG