Cada dia que passa fica mais evidente a distância entre o discurso e a prática dos dirigentes das empresas do grupo Eletrobras. Conforme divulgado em recente boletim do CNE e da Intersul e na última edição do jornal Linha Viva de 2011, esses senhores não só ignoraram a solicitação de isonomia de tratamento (ganho real) com as demais empresas vinculadas ao Ministério de Minas e Energia, neste caso, a Petrobras, como também fizeram de conta, na reunião do dia 15/12 no Rio de Janeiro com os integrantes do Coletivo Nacional dos Eletricitários, que isto não tem nada a ver com a gestão das empresas. Tratam do tema como se questões que afetam a vida dos trabalhadores não interferissem no ambiente de trabalho, na própria imagem e resultado das organizações. Com essa postura deduz-se que a alta direção está mais preocupada em se manter no cargo, do que efetivamente agir em prol do fortalecimento da nova Eletrobras. Ultimamente o que mais importa é o marketing institucional e, em alguns casos, até pessoal. Vale o que aparenta ser mais do que realmente é, bem ao estilo do jogo do mercado e dos novos neoliberais travestidos de dirigentes de estatais.
Sinceramente, como fortalecer a Eletrobras com uma gestão submissa? Como ser reconhecido e valorizado pelo MME com uma postura subserviente? Se o maior patrimônio da empresa, como se faz questão de repetir exaustivamente, é o quadro de pessoal, como não se importar com o tratamento diferenciado, discriminatório dentro do próprio ministério? Está na hora das direções das empresas, do grupo Eletrobras, colocarem em prática seu discurso e pararem de destilar retórica de “bons moços”. Precisa-se de fato cumprir com as promessas como o plano de saúde para aposentados que até agora “está em andamento seu estudo” e sem definição de data para a implantação. Ou seja, a enrolação continua.
Também no dia 15/12, na reunião com a Eletrobras, foi tratada da cláusula relativa a pessoas com necessidades especiais e solicitada a retirada do primeiro parágrafo que restringe o benefício. Com relação ao Conselho de Administração, ficou acertado a realização de alguns ajustes que torne mais democrática a participação dos trabalhadores. A eleição para eleger, pela primeira vez, um representante dos empregados nesse espaço está prevista para março de 2012.
É preciso que a Eletrobras se livre das amarras impostas pela CCE 009 e 010, heranças do maldito processo de privatização. Sem autonomia de ação, como obteve a Petrobras através da Portaria Interministerial 32 de 08/03/2001, a Eletrobras, que pretende ser uma das maiores do mundo no seu ramo de atuação, continuará sendo tratada como empresa de segundo escalão e, por conseguinte, os seus empregados continuarão relegados a segundo plano. Essa reivindicação de uma maior autonomia financeira e de gestão de pessoas é uma das grandes bandeiras de luta da categoria. Lamentavelmente a atual direção da holding repete a mesma cantilena: “essa é uma questão que foge ao nosso alcance”. É um absurdo, as direções das empresas do grupo Eletrobras não se colocam como protagonistas da necessária mudança e se comportam como meros espectadores do processo.
No entanto, se as direções se omitem e se negam covardemente a fazer a sua parte, as entidades sindicais continuarão buscando uma interlocução com o governo e promoverão ações junto aos trabalhadores, objetivando avanços em relação ao ganho real, a autonomia das empresas e a outras questões que afetam os eletricitários e que também impactam na produtividade, no resultado e no fortalecimento do grupo Eletrobras.
Continuemos vigilantes, apesar de tudo 2011 foi um ano de vitórias e desejamos conquistar muitas outras. No entanto, até em função da inércia e descompromisso dos diretores das empresas Eletrobras, o comprometimento dos trabalhadores e a sua mobilização, mais do que necessária, é imprescindível!
Fonte: Boletim Intersul