#ElesPorElas: Para as mulheres nas minhas aulas de engenharia

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A questão de igualdade de gênero vem passando por inúmeros avanços na sociedade desde os primórdios da civilização, porém a relação entre homens e mulheres ainda é muito assimétrica.

Suposições e tratamentos desiguais entre os gêneros podem ser vistas em qualquer âmbito da sociedade, e são mostradas inclusive nas escolas.

Realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostra que “muitas meninas optam por não seguir carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática porque elas não têm confiança na sua capacidade para se destacar nessas áreas, apesar de terem as habilidades para fazê-las”.

Em suma, as crianças são induzidas, mesmo que não intencionalmente, desde a pré-escola a manter essa assimetria entre homens e mulheres, e isto reflete diretamente na formação do mercado de trabalho.

De acordo com a ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental , “as empresas de engenharia têm, em média, 20% de mulheres em seu corpo técnico. Até 20% dos cargos de média gerência em áreas de gestão e centros de pesquisa são ocupados por mulheres, mas somente 3% delas ascendem ao primeiro escalão”.

Além da falta de incentivo para que as mulheres assumam um curso na área das ciências exatas, há a desigualdade na forma de tratamento e na concepção do potencial de uma mulher numa área como a engenharia.

A carta abaixo foi escrita por um aluno de engenharia que expressa sua opinião sobre suas colegas de classe serem menos encorajadas a seguir a profissão do que os homens e ter menos oportunidades.

“Para as mulheres nas minhas aulas de engenharia:

Embora seja minha intenção trata-las como igual em todas as outras interações que eu partilho com vocês, deixe-me desviar disso para dizer que você e eu, somos, de fato, desiguais.

Claro, nós estamos no mesmo programa escolar, e você está bem possivelmente tirando as mesmas médias de notas que eu, mas isso nos torna iguais?

Eu, por exemplo, não cresci em um mundo que me desencorajou de focar na ciência avançada.

Nem tampouco vivo em uma sociedade que disse para eu não me sujar, ou disse que eu era mandão demais por demonstrar habilidades de liderança.

Na escola primária eu nunca precisei temer ser rejeitado pelos meus colegas por causa de meus interesses.

Eu não fui bombardeado por imagens e propagandas me dizendo que meu verdadeiro valor estava em minha aparência, e que eu deveria me abster de certas atividades porque poderiam me considerar muito masculino.

Eu não fui negligenciado por professores que assumiram que a razão pela qual eu não entendia uma matemática ou um conceito de ciência difíceis era, afinal, meu gênero.

Eu não tive dificuldade, seja qual for, com a mentalidade de um clube de garotos, e não serei mais um número no preenchimento de “cotas” de uma empresa.

Quando eu experimentar o sucesso, a presunção dos outros será de que eu mereci isso por conta dos meus esforços.

Então, vocês e eu não podemos ser iguais, vocês já conquistaram muito mais para estar neste campo do que eu jamais irei enfrentar.” – Jared Mauldin, veterano em Engenharia Mecânica

Fonte: Engenharia É