É a crise, meu amigo engenheiro!

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O sistema capitalista pós globalização é pródigo em incertezas. Desde o seu aprofundamento a partir do início da década 80 e plena implantação no final da década 90, acelerado pelos avanços tecnológicos nas áreas de telecomunicações e informática, presenciamos crises e mais crises, principalmente nos países em desenvolvimento.

Crise Mexicana, na Rússia, na Argentina e no Brasil, que viveu praticamente duas décadas de estagnação, imposta principalmente pela política monetária americana de juros altos, no período de 1979 a 1982, para conter a estagflação(crescimento baixo com inflação alta) em que o pais se encontrava, fruto dos mesmos erros que este pais vem cometendo em nome da liberdade e da democracia, invadindo países soberanos e gastando enormes quantidades de recursos para manter guerras inúteis.

Nós do terceiro mundo ou emergentes, precisamos conviver com a violência urbana, com o caos urbano, a falta de recursos para saúde, educação, saneamento ambiental, transporte público de qualidade, estradas e ferrovias, habitação e agora com o fantasma da ampliação do desemprego. Tudo isso para manter uma sociedade de consumo exagerado e sem poupança interna.

Nós seguimos as regras colocadas na mesa fria do mundo real dos países desenvolvidos, lei de responsabilidade fiscal, controle da inflação, privatização, regulação do sistema financeiro, déficit fiscal abaixo dos 3% e tudo mais considerado como princípios fundamentais do extra supra moderno mundo neoliberal. Façam tudo isso que o mercado lhes dará desenvolvimento e rendas benevolentes. O Deus mercado tudo regula, orienta e controla. Balela.

Nos Estados Unidos floresceu a especulação, na Inglaterra também. A irresponsabilidade de uma nação perdulária espalhou pelo mundo, o que chamam agora de títulos tóxicos, na verdade velhas notas promissórias sem lastro, melhor dizendo, como o dólar, papeis lastreados na maior força militar jamais vista neste maravilhoso planeta terra.

O setor produtivo também se contaminou, abusaram de aplicações especulativas, principalmente os derivativos. A bolha estourou e as ações em bolsa de valores despencaram e as dividas avolumaram. Com o credito escasso e a demanda retraída foi inevitável a queda na produção e no lucro das empresas. No final das contas sobra para os trabalhadores que perdem o emprego e para o ESTADO que agora é visto como a única ponte de salvação.

Aqui no Senge-MG, a cada homologação individual ou coletiva, sinalizando mais postos de trabalho perdidos na engenharia, superamos as dificuldades ampliando a nossa luta pleno emprego, pelo aumento da renda dos engenheiros e de todos os trabalhadores deste pais. Na nossa diretoria uma única voz, “injustiça aqui não passarás…”.

Engenheiro e engenheira, o que mais sentimos é a sua falta, a sua ausência. A sua presença aqui fortalece a nossa luta, venha participar de nossos debates, de nossas reuniões. Venha ajudar a construir uma sociedade mais justa, participe do nosso sonho coletivo de que um mundo melhor é possível.

(*) Nilo Sérgio Gomes é engenheiros eletricista, professor da PUC Minas e presidente do Senge-MG