Durante SOEA, profissionais debatem engenharia e soberania nacional

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por Camila Marins

Foto: Divulgação/Confea

“Vamos ser protagonistas e juntar nossas forças para que a soberania seja defendida”, presidente do Confea, Joel Krüger.

O Brasil vive a emergência pela retomada do desenvolvimento social. Com o objetivo de orientar a formulação de propostas e ações para a reconstrução das engenharias e do país, a Fisenge promoveu o VI Simpósio SOS Brasil Soberano, no dia 23 de agosto, durante a 75a Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (SOEA), em Maceió (AL). “Vivemos hoje, no Brasil, um processo de desnacionalização com grande impacto em nossas profissões. Já acumulamos mais de 50.000 engenheiros desempregados apenas em 2016”, disse o engenheiro civil e presidente da Fisenge, Clovis Nascimento, que ainda acrescenta:

“Este quadro precisa mudar e acreditamos que o fortalecimento da engenharia nacional é o motor para o desenvolvimento social e uma das saídas para a crise econômica”.

Na solenidade de abertura, o engenheiro eletricista e presidente do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos, afirmou que temos que pensar no exercício da profissão de engenheiro junto com o projeto de construção de nação. “Não queremos fazer da engenharia uma coisa abstrata, que talvez sirva apenas ao deleite de alguns e ao enriquecimento de outros. Gostaria que todos refletissem sobre essa questão e que os encontros das Semanas de Engenharia motivassem os engenheiros a discutir as grandes questões nacionais e construir uma nação com mais igualdade e soberania”. O anfitrião, engenheiro civil e presidente do Confea, Joel Krüger, assumiu o compromisso de reconstrução do Brasil. “Quando falamos de soberania, pensamos em ciência e inovação. Somos Conselho de tecnologia e, por isso, precisamos estar na vanguarda e tirar o Brasil dessa posição em que temos nossas empresas atacadas. Não estamos mais omissos, o Confea já se manifestou contra a privatização da Eletrobras e a MP do Saneamento [MP 844/2018], por exemplo”. E ele ainda acredita que a engenharia pode contribuir para “tirar o Brasil dessa posição lamentável, em que os grandes players mundiais definiram Europa e EUA para ter ciência e tecnologia; a Ásia como a grande manufatura, e a América do Sul e África como os produtores de matéria-prima”.

O ex-governador de Alagoas e hoje deputado federal, Ronaldo Lessa, destacou o papel dos profissionais no cenário político. “Precisamos interferir mais. Qual o projeto de Brasil que a gente quer? A engenharia é, acima de tudo, resolver problemas. É transformar e construir qualidade de vida”, ressaltou. “Além deste debate, é fundamental que se inclua no congresso a questão econômica pela qual passa o País”, acrescentou o diretor da Mútua e engenheiro Marcelo Morais.

RECONSTRUÇÃO DO PAÍS

As formulações foram uníssonas em apontar a urgência de um projeto de nação. Com mediação da engenheira agrônoma e diretora da Fisenge, Giucélia Figueiredo, o debate contou com palestras do engenheiro Darc Costa, que foi vice-presidente do BNDES, e do economista Luiz Antonio Elias, que foi secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia. Luiz Antonio destacou que é necessário levar em conta o novo cenário geopolítico, principalmente dos últimos dois anos. “Vivemos um ponto crítico na política e na economia. Precisamos retomar o projeto de nação; o mundo moveu-se, criou políticas públicas para temas importantes e críticos, e o Brasil está atrasado neste processo”, ressaltou. “Precisamos discutir de novo a grade de formação dos engenheiros diante das novas tecnologias e, de forma mais avançada, as políticas voltadas para ciência e tecnologia nas quais o papel da engenharia é fundamental”, completou.

Já Darc Costa apontou que é fundamental que o Brasil promova a construção de um projeto de longo prazo. “A elite intelectual não tem consenso sobre qual projeto deve ser feito, por isso inexiste. Mas o Brasil é um grande país e precisa de um projeto que mobilize a sociedade. A engenharia é o espaço onde se constrói o País”, afirmou o engenheiro, que foi vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre 2002 e 2004.

Ao fim do simpósio, foram lançados pela Fisenge o livro “O mercado de trabalho formal dos profissionais de engenharia” e as cartilhas “Crise dos combustíveis: entenda a política de preços do setor” e “Estágio na engenharia: perguntas e respostas”.

As publicações estão disponíveis para download gratuito no site: www.fisenge.org.br