A data de hoje (11/12) marca a regulamentação de nossa profissão. Historicamente, a Engenharia é predominantemente marcada por uma maioria de homens nas universidades e no mercado de trabalho. Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) apontam um aumento de mulheres registradas no Sistema de 33,6%, entre os anos de 2012 e 2015. É um número significativo, mas precisamos avançar. Para isso, precisamos, fundamentalmente, debater e formular políticas de gênero nas universidades, nos locais de trabalho, nos sindicatos e em nossas casas. Vivemos uma cultura machista e patriarcal, que impõe às mulheres uma lógica de servidão e subalternização. As entidades de classe precisam debater em seus espaços o combate aos assédios moral e sexual, a ampliação das licenças maternidade e paternidade, a divisão das responsabilidades familiares e domésticas e o enfrentamento ao machismo, ao racismo, ao etarismo, à gordofobia, à LGBTfobia e todas as formas de opressão.
A partir de nossa organização política em nossos sindicatos podemos enfrentar coletivamente esses problemas nos locais de trabalho, nas universidades e em nossos lares. O Coletivo de Mulheres da Fisenge, além de um espaço de acolhimento, representa um avanço de organização. Distribuímos nacionalmente histórias em quadrinhos da personagem Engenheira Eugênia, que relata as principais situações vividas por nós, mulheres (veja aqui). Em abril de 2016, comemoraremos os 50 anos do Salário Mínimo Profissional (SMP) e não podemos esquecer que nós ainda ganhamos salários mais baixos mesmo no exercício da mesma função, e ainda acumulamos dupla e tripla jornada de trabalho com tarefas domésticas, familiares e estudo. O Salário Mínimo Profissional é uma luta de homens e mulheres por igualdade, dignidade e valorização profissional.
A Fisenge lança hoje o selo dos 50 anos do SMP e nós, do Coletivo de Mulheres da Fisenge, lançaremos em março, como parte do ciclo comemorativo uma revista sobre os 10 anos de organização das mulheres engenheiras e um desenho animado com a Engenheira Eugênia. Hoje, lembramos – em nome da engenheira Enedina, primeira mulher negra a se formar no Brasil – que 11 de de dezembro é dia da engenheira. E tem mulher na engenharia, sim!
*Simone Baía é engenheira química e diretora da mulher da Fisenge