Dia Mundial de Luta Contra a AIDS: combate à discriminação

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Este domingo (1/12), Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, o Ministério da Saúde divulgou o novo boletim sobre a doença no Brasil. Em cerimônia no Rio de Janeiro, o ministro Alexandre Padilha afirmou que, no País, são estimados 718 mil portadores de HIV, dos quais cerca de 150 mil ainda não sabem de sua condição. “São quase três Maracanãs lotados de pessoas que estão perdendo a chance de tratamento, de melhor qualidade de vida e de não transmitir o vírus a outras pessoas”, declarou o ministro, ressaltando a importância da realização de exames clínicos para diagnóstico precoce da doença.

Durante o evento, Padilha anunciou três novas medidas do Ministério, parte do novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e AIDS: possibilidade de tratamento logo após o diagnóstico de HIV, mesmo que o paciente não tenha imunidade baixa; um projeto para oferecer às pessoas vulneráveis ao vírus – como profissionais de Saúde – a oportunidade de se medicar preventivamente, como forma de evitar contágio; e a experiência do modelo “3 em 1” em relação ao coquetel para a AIDS (três comprimidos em uma cápsula). O teste das pílulas “3 em 1” será realizado inicialmente no Rio Grande do Sul e no Amazonas.

“Mas nada disso funciona se deixarmos o preconceito prevalecer. Lutar e vencer o estigma é o mais importante.”, apontou o ministro. “Muita gente tem medo de fazer o teste porque, se der positivo, acha que será estigmatizada. É o medo do preconceito”, reforçou.

MUNDO DO TRABALHO
Instituído pela Assembleia Mundial de Saúde em 1987, com apoio da ONU, o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS não é uma data comemorativa, mas sim de reflexão sobre medidas preventivas, tratamento e discriminação, tanto na sociedade quanto no ambiente de trabalho. “Que usemos essa data como um ponto de discussão, mas que o debate perdure todo o ano”, afirma Juneia Martins Batista, Secretária Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT.

Para a dirigente, é preciso alertar os sindicatos patronais sobre o papel da empresa na saúde do trabalhador, em especial quanto à informação e à não discriminação. O local de trabalho é fundamental para a conscientização e implementação e veiculação de políticas públicas na área da Saúde.

“A ONU, em 2012, lançou o programa ‘Chegar a Zero no Trabalho’. Zero preconceito, zero discriminação, zero novas infecções. A CUT tem essa campanha como norteadora e exerce papel central no diálogo com os sindicatos e patrões para que não haja preconceito contra o trabalhador em decorrência de sua situação sorológica”, resume Juneia. Para ela, há medidas envolvendo o trabalho que são urgentes. “É urgente a adoção de medidas contra a discriminação no mercado de trabalho, respeitando e incorporando a Recomendação 200 da OIT, por exemplo”, lembra.

A RECOMENDAÇÃO 200 DA OIT (“Recomendação sobre o HIV e a AIDS e o mundo do trabalho”), de junho de 2010, aponta a importância do local de trabalho quanto à informação para prevenção e tratamento; o direito de não revelar sua situação sorológica, assim como a não obrigação de realizar exames de HIV, seja para admissão ou manutenção no emprego; e a impossibilidade de demissão motivada por HIV e AIDS, seja esta contaminação real ou presumida. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), cerca de 30 milhões de pessoas com HIV estão em idade produtiva.

A Secretária Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT aponta também a vulnerabilidade da mulher e do público LGBT. Pela estrutura machista na sociedade, muitas políticas públicas tem dificuldade de penetração nesses setores. “O movimento sindical precisa empoderar as mulheres nas discussões sobre o próprio corpo, nas decisões sobre sua própria vida”, afirma. A pesquisa mostra que a faixa de pessoas até 19 anos é a única em que há mais mulheres do que homens infectados.

DADOS DO BRASIL
No Brasil, houve redução de 14% na mortalidade por AIDS na última década, segundo o boletim. Os dados também apontam que a taxa de detecção de HIV se mantém estável nos últimos cinco anos, com taxa de detecção nacional de 20,2 casos para cada 100 mil habitantes. Entre 2003 e 2012, apenas houve diminuição da taxa de detecção nas regiões Sudeste (18,6%) e Sul (0,3%), com aumento em todas as outras regiões (92,7% na Região Norte, 62,6% na Nordeste e 6,0% na Centro-Oeste).

O Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior taxa de detecção, com 41,4 casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida vem Santa Catarina (33,5), Amazonas (29,2) e Rio de Janeiro (28,7).

CONFIRA A ÍNTEGRA DO BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

Na última sexta-feira (29), o IBGE já havia divulgado a Síntese de Indicadores Sociais referente a dados de 2012 no Brasil, onde aponta a estabilidade da taxa de incidência da AIDS entre 2000 e 2010 (com 17,7 e 17,9, respectivamente).

NO MUNDO
Segundo dados apresentados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), houve um progresso na resposta à AIDS no mundo, com redução de 33% de novas infecções por HIV desde 2001 e redução de 29% nas mortes desde a mesma data. “Apesar do progresso, ainda há 1,6 milhão de mortes relacionadas à AIDS e 2,3 milhões de novas infecções no mundo”, afirmou Georgiana Braga Orillard, Coordenadora do UNAIDS no Brasil. “Perto de 9,7 milhões de pessoas estão em tratamento no mundo, estamos atrasados. A meta para 2015 é de 15 milhões de pessoas em tratamento”, lembrou. Segundo a representante, muitos países ainda tem questões culturais servindo de barreiras a políticas de prevenção e tratamento de públicos específicos, como o LGBT e as mulheres.

Escrito por: Henri Chevalier – CUT Nacional

Fonte:  CUT-NACIONAL