A perda de talentos também pode ser verificada em outras funções. De 118 nomeados, 77 não tomaram posse ou assumiram e, em seguida, pediram exoneração. Ou seja, 65% dos nomeados para os cargos de Arquiteto, geólogo e engenheiro nas áreas de Agronomia, Civil, Elétrica, Cartográfica, Ambiental, Química, Sanitarista e de Tráfego, não tiveram interesse em permanecer no município.
Na avaliação do engenheiro e Diretor Geral do SENGE em Foz do Iguaçu, Eng.º Gilson Branco Garcia, a perda de profissionais é falta de estímulo profissional e concorrência com o mercado. “Resultante disto, há uma quantidade alarmante de profissionais pedindo exoneração de seus cargos no município, buscando melhores condições de trabalho e oportunidades em outras localidades. Outros são chamados, e pelo que está se percebendo, dificilmente se fixarão em Foz”.
Uma saída para reverter a evasão é o respeito à remuneração da engenharia. “Defendemos o reconhecimento da importância profissional dessa categoria diante das ações que estão ou deveriam estar sob responsabilidade da prefeitura, lutando pela aplicação do Salário Mínimo Profissional, que é Lei, e que não está sendo cumprida em Foz do Iguaçu”, destaca o engenheiro Gilson Branco Garcia.
Mercado atrai profissionais
Os salários abaixo do valor de mercado é um dos motivos para a debandada. Ao não pagar o piso salarial da categoria, o município não dá o exemplo, descumpre a legislação e não reconhece a responsabilidade técnica vitalícia dos arquitetos e engenheiros sobre as obras públicas.
“Em consequência disto, temos conhecimento de que profissionais pediram exoneração de seus cargos e buscam por outras oportunidades de trabalho. Sempre estivemos na luta para o cumprimento do salário mínimo profissional e manifestamos o nosso apoio para que a categoria seja valorizada”, destaca o gerente da regional de Cascavel do CREA-PR, engenheiro Civil, Geraldo Canci.
Perda de talentos e conhecimento estratégico
Uma das consequências é que o Foz do Iguaçu abre mão de contar com os serviços destes profissionais em elaboração, gestão, execução e fiscalização de projetos e obras, gerenciamento e planejamento urbanístico, análise e liberação de processos, licenciamentos ambientais, obras de contenção de enchentes e infraestruturas em geral, além de manutenção e reformas de escolas, hospitais e demais prédios públicos.
Defasagem salarial chega a 250%
Além da não observação do piso salarial que está com defasagem de 250% (atualmente a remuneração inicial está em R$ 4.507,35), o Plano de Carreira do município não é atrativo para estes profissionais, em que a perspectiva de aumentos salariais até atingir o piso da categoria demoram cerca de 20 anos (conforme LC nº 17/93), sendo a demanda do trabalho excessiva em consequência dos cargos não preenchidos.
A falta de pagamento do salário mínimo profissional e de plano de carreira são vistas em uma pesquisa em que Foz do Iguaçu aparece em 35o lugar: penúltimo do ranking, quando é comparado às condições da categoria com outros municípios de porte, IDH, PIB e outros parâmetros semelhantes. Neste estudo é possível verificar que a categoria encontra-se em defasagem até mesmo frente a cargos que não têm exigência de ensino superior.
“Os profissionais da área tecnológica representam segurança para toda a sociedade. A presença da engenharia frente aos cargos que envolvem atividades do setor é premissa indispensável para soluções aos problemas de infraestrutura em geral e mobilidade urbana, como saneamento, transporte, agricultura, geração de energia, entre outros. Quanto mais qualificados, capacitados e motivados estiverem esses profissionais, melhores serão as políticas públicas e, consequentemente, os serviços prestados à população”, enfatiza o presidente do Crea-PR, Engenheiro Civil Ricardo Rocha.
Fonte: Senge-PR
Foto: Thiago Dutra/PMFI