O Congresso Mundial de Engenheiros de 2008 foi realizado em Brasília entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2008, e reuniu 5.200 engenheiros, de quase 50 países. A WEC 2008 recebeu o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi organizada e patrocinada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), a Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae) e a Federação Mundial de Organizações de Engenharia (FMOI), e co-patrocinada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O tema principal da WEC 2008 foi “Engenharia: inovação com responsabilidade social”. Os sub-temas se concentraram na Engenharia Além das Fronteiras, na Ética e a Responsabilidade Social, na Inovação sem Degradação, na aplicação das TICs para a Inclusão e em Tecnologias Avançadas com Visão Estratégica. Foram realizados o Fórum de Mulher e o Fórum de Jovens Engenheiros, além de seis painéis temáticos.
A Fisenge participou do evento promovendo o seminário “A Nova Geopolítica Mundial e a Integração da América Latina”, que contou com a participação dos debatedores: João Antônio Felício – Secretário de Relações Sindicais da CUT; Ceci Juruá – economista e membro do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ; e José Molina – diretor regional da UNI-Américas Panamá.
Na ocasião da WEC, os participantes do congresso elaboraram uma declaração, com o objetivo de apresentar, não só à comunidade de engenheiros, mas à sociedade, as discussões realizadas na WEC 2008. Há uma grande necessidade de se desenvolver programas e iniciativas nacionais, regionais e internacionais para a engenharia. Isto está refletido no Relatório da Unesco, intitulado “Engenharia: Questões e Desafios para o Desenvolvimento” – o primeiro relatório internacional sobre engenharia.
Leia abaixo a íntegra da carta:
Declaração
Nós, os participantes da WEC 2008, ressaltamos o papel da Engenharia como vetor da inovação tecnológica e como sendo de vital importância para o desenvolvimento humano, social e econômico sustentável. Na atual crise econômica, acreditamos que Engenharia e inovação, juntamente com a responsabilidade social, serão essenciais para nossa sobrevivência e progresso. É nesse contexto que fazemos essa declaração.
Problemas e Desafios
Em nível global, os problemas existentes estão relacionados com a necessidade de redução da pobreza, com a promoção de um desenvolvimento social e econômico sustentável, com as outras Metas de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidas pelas Nações Unidas, com a busca de soluções para minimizar as mudanças climáticas e com a adaptação para vivermos em um futuro sem carbono.
Os problemas também incluem desafios e oportunidades trazidos pela globalização: as barreiras digitais e tecnológicas e de conhecimento. Em nível regional, muitos países estão preocupados com o fato de os jovens estarem se afastando da ciência, da engenharia e da formação técnica. Além do efeito que este desinteresse e falta de envolvimento terão na capacitação e no progresso em todo mundo, acrescido da “fuga de cérebros” nos países pobres.
Esses problemas e desafios têm sido intensificados devido à recente crise econômica e financeira, em uma época em que é necessário aumentar os investimentos na capacitação em Engenharia, Pesquisa e Desenvolvimento, e Infraestrutura. A Engenharia e as comunidades científicas precisam trabalhar conjuntamente para a resolução destes problemas.
Também é importante perceber que os problemas e desafios da Engenharia mudam no tempo e no espaço. Isto se deve particularmente às novas necessidades e aos novos conhecimentos, e a Engenharia precisa mudar para enfrentar tais problemas e desafios. Os principais desafios para a Engenharia são promover a capacitação e o acesso à tecnologia a fim de contemplar esses problemas com:
– Conscientização do público e dos jovens sobre a Engenharia;
– Desenvolvimento de tecnologias, incluindo tecnologias avançadas;
– Aplicação e inovação de tecnologias;
– Inclusão, principalmente de mulheres e jovens engenheiros do futuro;
– Cooperação global para reduzir a desigualdade de conhecimento.
Estas questões precisam ser contempladas no contexto da visão estratégica, e da responsabilidade ética e social.
Chamada para Ação
A Engenharia é o alicerce da inovação tecnológica, do desenvolvimento social e econômico sustentável. Cabe aos engenheiros reforçar este fato aos formuladores de políticas a ao público em geral; enfatizar a inovação e as aplicações da Engenharia também ajuda a atrair os jovens.
O ensino da Engenharia precisa destacar a relevância da Engenharia para os problemas globais que enfrentamos – a profissão solucionadora de problemas precisa revitalizar-se por meio de abordagens como a do aprendizado baseado em problema.
Para contemplar esses problemas, convocamos para ação as comunidades de engenheiros e correlatas, governo e autoridades nacionais, e organizações regionais e internacionais.
A Engenharia e as Comunidades Correlatas
Convocamos as comunidades de Engenharia e correlatas, tanto em nível nacional quanto internacional, através da FMOI, seus membros e respectivas organizações a:
– Enfatizar a importância da Engenharia como força motriz para a inovação e o desenvolvimento social e econômico sustentável;
– Desenvolver uma melhor percepção do público sobre o papel da Engenharia, e promover estudos e políticas sobre Engenharia;
– Elaborar grades curriculares e métodos de ensino na área de formação em Engenharia, e promover estudos e políticas sobre Engenharia;
– Fortalecer os laços entre o Ensino Fundamental e a Engenharia por meio da promoção de parcerias entre engenheiros, escolasm governo e setor privado;
– Desenvolver, aplicar e inovar tecnologias, incluindo tecnologias avançadas, para as questões e os desafios globais, usando a Engenharia para criar um mundo melhor, promover a inclusão e reduzir a desigualdade, com uma visãi estratégic, e responsabilidade ética e social.
Organizações Nacionais, Regionais e Internacionais
Convocamos a FMOI e seus membros, a Unesco e outras organizações nacionais, regionais e internacionais (como a OEA nas Américas), para facilitar e incentivar as atividades acima mencionadas através de uma rede de contatos internacional, cooperação e compartilhamento de boas práticas. Em especial, convocamos os membros da FMOI e a Unbesco para desenvolver um Programa de Engenharia Internacional com o objetivo de promover a formação em Engenharia, a capacitação, e suas aplicações para a erradização da pobreza, o desenvolvimento humano, social e econômico sustentável, e dar continuidade ao Relatório sobre Engenharia da Unesco, em sua segunda edição, a ser lançada no Congresso Mundial de Engenheiros, em 2011.
Governos e Autoridades Nacionais
Convocamos governos e autoridades nacionais a criar ambientes propícios e também apoiar as atividades relativas às Metas de Desenvolvimento do Milênio, e aos objetivos internacionais de desenvolvimento correlatos.
Com informações da Revista Pós WEC 2008, do Confea.