Crise política e os impactos na sociedade brasileira são temas de debate na Fisenge

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

A “crise” política e os impactos para a classe trabalhadora foram os temas do debate sobre conjuntura nacional, durante reunião do Conselho Deliberativo da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), no dia 24/7, no Rio de Janeiro. A palestra contou com a participação do historiador e doutor em políticas públicas e formação humana, Helder Molina. “Estamos vivendo um período de crise da acumulação capitalista em nível mundial. A nova geopolítica quebrou a unilateralidade e o Brasil é uma peça central nesse processo pela participação nos BRICs”, afirmou Molina. Demissões, destruição das empresas nacionais, ataques aos sindicatos e ofensiva aos direitos dos trabalhadores são alguns dos elementos que compõem a atual conjuntura. Nesse contexto, a engenharia tem sido uma das áreas mais afetadas. “A mídia e os setores conservadores da sociedade têm investido em uma campanha irresponsável de destruição das empresas nacionais, que impacta diretamente na classe trabalhadora. Milhares de demissões e perda de produção tecnológica nacional são algumas das consequências e nós, engenheiros e engenheiras, temos sofrido diretamente no cotidiano de nossa profissão”, afirmou o presidente da Fisenge, Clovis Nascimento. O presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, Ubiratan Félix reafirmou a lógica da direita em promover a desindustrialização do país. “É um risco para os trabalhadores, as empresas e o Brasil, a perda de tecnologia e de capacidade empresarial, em decorrência da falência e fechamento de empresas de engenharia nacional”, disse Ubiratan.

Esse cenário decorre das denúncias que envolvem casos de corrupção da Petrobras com a operação Lava-Jato. “Defendemos a apuração e a responsabilização dos casos de corrupção. O que estamos vendo hoje é a apropriação dessa situação para promover uma agenda de retirada de direitos da classe trabalhadora e de perda da soberania nacional. A defesa da engenharia brasileira é fundamental para produção de conhecimento, tecnologia e infraestrutura”, pontuou Clovis.

Molina destacou que o Brasil advém de uma herança escravocrata, nepotista, colonialista e de subalternidade. “A burguesia brasileira não tem projeto de nação; é caudatária e meritocrática. O capitalismo é uma corrupção da força de trabalho e perdemos o momento histórico de promover mudanças estruturais como a reforma política e a regulação da mídia”, declarou Molina, que ainda reforçou: “O ambiente atual é de perigoso retrocesso. Eduardo Cunha é apenas uma peça. Não haveria Cunha se não houvesse financiamento privado e oligopólio da mídia

Dilma só ganhou porque fez inflexão à esquerda. Reformas estruturais não foram feitas quando tinha força política e isso não significa dizer que tinha hegemonia. Não enfrentou a reforma política preferindo a lógica da conciliação e negociação. A solução é construir um bloco histórico contra-hegemônico com sindicatos e movimentos sociais”, observou. Concomitante aos ataques à Petrobras, o Congresso Nacional vive um momento de perigosos retrocessos. Isso porque com a presidência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inúmeros projetos de lei que atacam direitos humanos e trabalhistas têm sido apresentados, como a redução da maioridade penal, a terceirização e a famigerada contrarreforma política. “Há um jogo bruto de disputa pelo aparelho do Estado e os ataques às mulheres, pessoas LGBTs, trabalhadores do campo e direitos trabalhistas têm se aprofundado. Os direitos no Brasil foram conquistados com muita luta e precisamos disputar valores na sociedade. As redes sociais privatizaram as relações, em vez de construir, destrói a coletividade”, apontou Molina. O vice-presidente da Fisenge, Roberto Freire enfatizou a importância da formação política. “A História é processo e sempre em movimento. Vivemos uma grave crise de capacidade intelectual e a nossa tarefa é recompor uma política de formação permanente para a composição de um bloco de enfrentamento”, disse.

” A luta de classes não dá trégua e a política de conciliação e negociação se mostrou ineficaz. O governo precisa fazer uma inflexão à esquerda, sinalizar para a construção da unidade no nosso campo e promover as sonhadas reformas estruturais como democratização dos meios de comunicação, reforma política popular, reformas agrária, urbana e tributária”, finalizou Molina.