Coronavírus muda rotina de engenheiros da Chesf

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email

Trabalho remoto e suspensão de eventos e viagens foram algumas das medidas adotadas pela Chesf para conter a disseminação do coronavírus. As medidas foram bem recebidas pelos chesfianos, porém é preciso garantir os direitos dos trabalhadores.

Diante da pandemia do COVID-19, o novo coronavírus, a Chesf adotou um protocolo de medidas de prevenção, divulgado entre os chesfianos no dia 16 de março. Além do trabalho remoto para alguns empregados, a Companhia aderiu às orientações da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e dos governos municipais e estadual, para garantir o trabalho com segurança daqueles que não podem exercer suas atividades remotamente, como os operadores, mantenedores e gestores. As atividades executadas pela Chesf, em especial, o fornecimento de energia à população, são caracterizadas como essenciais, devendo ser resguardado seu funcionamento.

“Pela especificidade das nossas atividades, caracterizada pela prestação de serviço público essencial, precisamos manter um quadro técnico, composto de operadores de turno e profissionais de manutenção, para pronto atendimento nas usinas, subestações e centros de operação, de modo a garantir a continuidade do suprimento de energia elétrica, pois, como sabemos, uma falha destas instalações pode levar a interrupção no fornecimento de energia, com graves consequências para a sociedade”, explica o diretor de operação da Companhia João Henrique, em documento publicado pela empresa.

“O setor elétrico não pode parar, nem permitir falhas nesse momento. Portanto, a atividade exercida pelos empregados da Chesf, sejam os que estão em campo, sejam os que adotaram o trabalho remoto, são cruciais para diminuir os impactos dessa pandemia no Brasil. Um problema no setor elétrico poderia afetar o funcionamento dos hospitais, e isso, com certeza, aumentaria os óbitos causados pelo COVID-19”, explicou o diretor do Senge-PE e também empregado da Chesf Mailson da Silva Neto.

As engenheiras e os engenheiros da empresa estão se adaptando às mudanças na forma de desenvolver suas atividades. Os que estão em trabalho presencial, precisam adaptar seu dia a dia às medidas do protocolo definido pela Chesf. Os que estão em trabalho remoto, se organizam como podem para exercer sua atividade profissional em um novo ambiente familiar, em que todos precisam se adaptar.  

O engenheiro Apolônio Melo é gestor responsável por uma divisão responsável pela manutenção dos sistemas de telecomunicações, proteção e automação. Por se tratar de uma divisão executiva, as atividades realizadas por ele não podem acontecer de forma remota, portanto o engenheiro permanece indo diariamente a sede da Chesf. Para garantir sua segurança, dos colegas e de sua família, Apolônio segue à risca todos os procedimentos adotados pela Chesf. “Lavar as mãos com frequência, utilização do álcool em gel, realizar as atividades com o mínimo de envolvidos possível, mantendo a distância de segurança recomendada, permitir no máximo duas pessoas no carro, além do condutor, em casos de deslocamentos para realização de manutenção das subestações de nossa atuação”, descreveu. Para ele, a Companhia tem se empenhado ao máximo diante da pandemia, tomando medidas preventivas adequadas e necessárias para proteger e preservar o quadro de pessoal e, ao mesmo tempo, manter o mesmo padrão de qualidade do seu serviço. Porém, diante da gravidade do novo coronavírus, o engenheiro admite que preferiria trabalhar de sua residência, “sem dúvidas, diante da realidade atual, trabalhar em home office é sempre mais seguro, porém devido a natureza do nosso trabalho, as nossas atividades principais são realizadas presencialmente, sendo imprescindível a participação no campo”, explica.

Já o engenheiro eletricista Mailson da Silva Neto está em trabalho remoto. Para Mailson, o home office não trouxe problemas de imediato, uma vez que ele tem uma estrutura de escritório em sua residência e consegue realizar suas atividades com a mesma desenvoltura de antes, sem contar que não perde tempo com deslocamento, por exemplo. “Minha situação, porém, é exceção a regra. Muitos colegas me relataram que não têm um local mais isolado na casa para trabalhar, ficam na varanda, terraço, sala de estar, além dos familiares pensarem que estão disponíveis para outros fins no horário estabelecido para o trabalho. Entendemos que o isolamento é algo necessário, mas o home office forçado, sem tempo de se estruturar adequadamente, não é fácil para todos”, ressaltou.

O caso da engenheira eletricista Roseanne Araújo é bem diferente. Ela mora com o marido e duas filhas, e teve que readaptar a rotina da família para poder exercer suas atividades em trabalho remoto, com a mesma eficiência exercida anteriormente. Para ela, a pior dificuldade é o acúmulo de atividades. “Devido a quarentena também tenho que cuidar das crianças e cozinhar o almoço todos os dias. E, devido ao trabalho em minha residência, estou fazendo os trabalhos que ficam ocultos quando estou na empresa: fazer meu café, limpar área de trabalho, encher garrafas de água, etc”, explicou. “Eu me sinto sobrecarregada. Lembrando que a sobrecarga não é devida apenas ao trabalho remoto, mas a pandemia que provocou o confinamento de toda família. Estou tentando não acumular, mas é difícil administrar”, desabafa. Questionada sobre se preferia manter seu trabalho de forma presencial, ela é bem consciente, “isso não é uma opção agora. O isolamento social é fundamental para combater a pandemia de Covid-19. O ambiente de trabalho e distanciamento dos problemas domésticos contribuem para que o trabalho presencial renda mais, no meu caso. Talvez se estivesse experimentando o trabalho remoto em outras condições, eu tivesse uma opinião diferente”, afirmou.

Para a engenheira Roseanne, mesmo com realidades diferentes dos chesfianos, uma preocupação é comum a todos. A Chesf anunciou, no dia 07/04, adesão à Medida Provisória nº 927, através do Informe da Diretoria “Medidas Chesf alinhadas com a Medida Provisória Nº 927”. Entre as alterações está o adiamento do recolhimento do FGTS, a utilização obrigatória pelos empregados do banco de horas extras e procedimentos referentes às férias individuais. “A Chesf mostrou que estava em sintonia com nossa preocupação com tudo que está acontecendo no Brasil e no mundo, preservou nossa saúde física e tomou as medidas necessárias, mas, ao aderir a MP 927/2020, ela cria uma insegurança muito grande, principalmente, aos que estão trabalhando de forma remota”, explica. Para a engenheira, tal adesão pode desencorajar o isolamento e fazer com que os empregados voltem ao trabalho presencial, aumentando a propagação do novo coronavírus. “Entre as novas medidas estão o uso do nosso banco de horas extras conforme conveniência da diretoria da Chesf, além da imposição que empregados tirem férias fora da data planejada e sem a opção de abono pecuniário”, falou com preocupação.

 Fonte: Marine Moraes/Senge-PE

Foto: Divulgação