Copelianos rejeitam proposta da Copel sobre ACT

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Apuração mostra que engenheiro e funcionários não aceitam perder abono e modelo de remunerações variáveis

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Apuração dos votos coletados durante assembleias realizadas entre 7 a 23 de outubro.

“Não à perda de direitos”. Esta foi a resposta dos copelianos à proposta da empresa que corta 1/3 do abono de férias e ainda propõe estabelecer modelo de remuneração variável. Em votação histórica com a participação de 5151 dos  funcionários, 4651 recusaram a minuta apresentada e aprovaram paralisação no dia 6 de novembro caso a direção não retome as negociações. A recusa é equivalente a 90,29% dos votos. Agora, a Copel será informada do resultado da votação nesta sexta-feira (25). Os sindicatos vão pedir a reabertura da mesa de negociação e apresentar novas demandas dos empregados.

A proposta da Copel rejeitada previa reposição salarial, auxílio alimentação, vale lanche, auxílio PCD reajustados pelo INPC do período (2,92%), retirada da cláusula que trata do abono salarial, retirada do abono de férias (1/3) e do piso de férias (com manutenção apenas o 1/3 constitucional). O presidente da Copel, Daniel Slaviero Pimentel, ainda queria avançar em um modelo de remuneração variável.

“Neste ano, a empresa está propondo um modelo diferente por acreditar na transição de salário, mais PLR, mais abonos fixos para salário, mais PLR, mais remunerações variáveis. Eu tenho a convicção que a remuneração variável está em linha com as melhores práticas do mercado e que todas as empresas do setor elétrico fazem. Esse modelo é o melhor e mais moderno”, disse o presidente.

A proposta de perda de direitos acontece em um momento que a Copel bate recordes de lucros. No último relatório de resultados referente ao segundo trimestre de 2019, a apresentou um EBITDA ajustado de R$ 1 bilhão. O valor representa  30% acima de 2018. Já o saldo do primeiro semestre de 2019 atingiu R$ 2,1 bi, crescimento equivalente a 27%.

“Tenho satisfação em apresentar um trimestre com resultados sólidos e consistentes. Destaco a melhoria contínua da Copel Distribuição. É um marco na história da companhia”, declarou a gestores e investidores.

O cenário positivo se mantém no terceiro trimestre deste ano. Em um comunicado ao mercado publicado na última terça-feira (22), a empresa destaca que o mercado fio da Copel Distribuição cresce 1,6% no terceiro trimestre decorrente do crescimento de 6,6% no consumo do mercado livre, resultado do avanço da produção industrial do Paraná.

Custos
A folha de pagamento não é um empecilho para a empresa para conceder reajuste. De acordo com “Relatório da administração e demonstrações financeiras de 2018”, a remuneração dos empregados custou R$ 904,2 milhões. Esse valor representa 6,1% da Receita Líquida.

Como comparação, a Cemig destinou R$ 1,4 bilhão com pessoal em 2018. Isso representa 6,3% da Receita Líquida da empresa mineira. Já a Celesc, com uma Receita Líquida de R$ 7,5 bilhões, destinou quase R$ 667 milhões com a folha de pagamento bruta, o equivalente a 8,8% da Receita Líquida. Já a Eletropaulo (Enel) destinou R$ 1 bilhão para o pagamento do pessoal. A Receita Líquida atingiu R$ 14 bilhões, representando 7,01% de gastos com pessoal.

Ou seja, a Copel tem espaço para investir em seus funcionários e se tornar ainda maior. No mesmo relatório de 2018, o presidente Daniel Slaviero Pimentel destaca que a empresa apresentou resultados econômicos sólidos e ampliou seus negócios. Num ano de transição política e com o quadro macroeconômico ainda em recuperação, a Copel apresentou Ebitda de R$ 3,1 bilhões, valor 9,4% acima ao do ano anterior, e lucro líquido de R$ 1,.4 bilhão, um crescimento de 29,1%.

“Os resultados atingidos refletem o maior patrimônio da Copel, conjunto de mais de 7.600 colaboradores que não poupam esforços para mantermos um serviço de excelência, e que em 2018 nos colocaram entre as 150 melhores empresas para se trabalhar, pelo levantamento da Revista Você S/A”, reconheceu.

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Rejeição histórica
A rejeição a proposta aconteceu após longo processo de mobilização dos copelianos entre a formalização da pauta dos trabalhadores e a votação apurada no dia 24 de outubro. Diversas etapas foram percorridas, resultando em uma votação expressiva dos trabalhadores. Dos atuais 7017 funcionários com direito a voto, 5151 votaram, representando uma participação de 73%.

Como comparação, em 2012, “dos 5.840 colegas que votaram nas assembleias que realizamos em todo o Paraná, 4.249 (61% do total de votantes, ou 73,51% dos votos válidos) repudiaram o que a Copel ofereceu até agora”. Nesta época, a empresa possuía 9468 funcionários. Uma paralisação geral de um dia aconteceu em 22 de novembro após 23 anos se ter ocorrido uma greve da categoria.

O resultado final foi:
Sim 495 votos (9,61%)
Não 4651 votos (90,29%)
Branco 3 votos (0,06%)
Nulo 0 votos
Abstenção 2 votos (0.06%)
5151 votos válidos (73% dos representados pelas 11 entidades)

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Mobilização

convocados  pelo Senge-PR a participarem de uma Assembleia Geral Extraordinária no dia 18 para deliberar sobre a pauta de Reivindicação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).  Nesta mesma época o sindicato promoveu uma pesquisa em que seus associados puderam apontar quais eram as prioridades a serem reivindicadas para o acordo coletivo de trabalho 2019/2020. O levantamento aconteceu até o dia 12 de julho.

Posteriormente, a pauta dos 11 sindicatos que compõem o coletivo da Copel foi unificada em 30 de julho.   A Pauta de Negociação foi protocolada junto à Copel no dia 31 de julho e deveria ter sido encerrada no dia 30 de setembro. Mesmo com o atraso das negociações, a diretoria da Copel deu garantia que o acordo vai retroagir a 1 de outubro de 2019.

As primeiras negociações começaram no dia 17 de setembro e foram até o dia 19 do mesmo mês. Em seguida, a empresa apresentou no dia 25 de setembro a minuta com sua proposta para o ACT com previsão de dois anos.

Após isso, os sindicatos realizaram assembleias em todo o estado e em Curitiba no período entre 7 de outubro a 23 de outubro. Nessas assembleias os copelianos puderam avaliar a proposta da empresa e votar nas urnas de qualquer um dos sindicatos que compõem o coletivo. A direção do Senge-PR participou de assembleias em Londrina, Cascavel, Pinhão e Mangueirinha. Na capital, foram realizadas assembleias em diversos locais de trabalho como Campo Comprido, KM3, Agência Sitio Cercado, Agência Centro, Edifício Sede, Santa Quitéria, Padre Agostinho, Atuba e Smart Copel.

A apuração começou por volta das 09h00. Após conferir a quantidade de votos com as listas, foi feita a contagem com a ajuda dos funcionários da Copel do KM3. Ao longo da apuração nenhuma irregularidade foi encontrada, confirmando a transparência do processo. O resultado oficial foi anunciado antes do meio dia com a totalização dos 5151 votos.

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Próximas etapas
A direção da Copel será comunicada do resultado da votação. A categoria deliberou também pela paralisação de um dia em 6 de novembro. Agora, os sindicatos informam a empresa do resultado e solicitam a reabertura das negociações.

Caso a empresa reabra a negociação, a manifestação pode ser suspensa. Se a empresa se recusar a negociar, além do ato no dia 6 não está descartada uma greve. Para isso, os trabalhadores devem permanecer mobilizados.

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Fonte: Senge-PR