Copel Telecom é leiloada por R$ 2,395 bilhões na Bolsa de Valores

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Foi realizado na Bolsa de Valores o Leilão de 100% das ações da Copel Telecom, empresa de banda larga que pertencia ao Grupo Copel, do Governo do Paraná. O valor mínimo para a compra da empresa era de R$ 1,4 bilhão. A compradora será o Grupo Bourdeaux Fundo de Investimentos Multi Estratégicos, que ofereceu R$ 2395 bilhões, com 70,94% de ágio, vencendo sua concorrente direta Algar Telecom, que concorreu no leilão viva voz. Além delas, o Consórcio Galgary e o Consórcio Economia Real, formado pelo fundo de investimento com BTG Pactual entre os membros, haviam apresentado propostas no leilão. 

O comprador leva 100% das ações. Direito de uso do CNPJ da Copel Telecom. 33 mil km de cabos AS (significa cabo lançado entre postes, sem necessidade de cabos de aço para sustentação). Direito de uso de 61 sites. Debêntures da Copel Telecom. A Copel ainda poderá usar 17 mil km de cabos AS, dois Data Centers, 156 sites e ficar com todos os funcionários da empresa de banda larga. A estrutura física não será vendida. 

A Bourdeaux, por outro lado, não leva não leva os funcionários da empresa que serão realocados em outros setores da Copel. Mas esses funcionários podem sair da estatal e ir para a nova empresa se quiserem. Mesmo depois da venda, a Copel Telecom ainda poderá, durante um ano, prestar assessoria para o comprador. Serão seis meses renováveis por mais seis meses. Assim, a estatal dá seu conhecimento ao comprador.

O leilão foi acompanhado pelo governador do Paraná, Ratinho Junior, e pelos presidentes da Copel, Daniel Slavieiro Pimentel, e da Copel Telecom, Wendell Oliveira. O governador celebrou a venda da empresa com mais de 200 mil clientes e reforçou o pacotaço de privatizações no estado.

“Depois de 20 anos, voltamos a fazer uma privatização no Paraná com um processo de transparência de uma empresa fantástica como a Copel Telecom. Ela é uma empresa redonda e muito competitiva. Isso é bom para a Copel que pode se dedicar apenas em energia e transmissão. O recurso vai ser investido em geração e transmissão de energia. Isso fortalece a Copel”, comemorou Ratinho Junior.

O governador enfatizou o próximo pacotaço. “Essa é a primeira de uma série de outras privatizações. Vou privatizar a Compagas, os pátios do Detran, 4 mil km de rodovias, 4 aeroportos serão concedidos no 1o quadrimestre do ano que vem. É um grande pacote de privatizações. Tivemos um ágio acima de 1 bilhão do que a empresa esperava. É uma grande privatização do nosso governo”, destacou o governador Ratinho Junior.

Proposta inicial termina com ágio de 70,94%

Quatro grupos apresentaram propostas para comprar a Copel Telecom. O valor mínimo era de R$ 1,4 bilhão. O Consórcio Galgary foi o que fez a menor oferta inicial, chegando a R$ 1,402 bilhão. A terceira menor oferta foi Consórcio Economia Real, R$ 1,75 bilhão. Na primeira parte do leilão, o Grupo Algar, representado pelo Itaú, ofereceu R$ 2,204 bilhões. Em seguida veio o grupo Bourdeaux Fundo de Investimentos, representado pela Corretora Planer, que apresentou lance inicial de R$ 2,139 bilhões.

Após isso, as duas concorrentes se revezaram na oferta na proposta no modelo “viva voz”, sempre elevando o valor em R$ 10 milhões. Foram 9 lances do Grupo Bourdeaux cobertos pela Algar. No décimo lance, de R$ 2395 bilhões, a Algar desistiu da concorrência.

Grupo comprou a Sercomtel e é questionado por acionistas

O Bordeaux Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior é controlado pelo Santander Caceis Brasil Distribuidora de Titulos e Valores Mobiliarios S.A. Criado em setembro de 2013, está avaliado em R$ 35,692 bilhões. Esse mesmo grupo venceu a licitação da Sercomtel, realizada em agosto deste ano e com ágio de 900% e com compromisso de investir R$ 130 milhões. O Bordeaux é controlado pelo empresário Nelson Tanure, que já havia comprado a Sercomtel de olho no leilão da Copel Telecom. 

O empresário, segundo o Telesintese, “tentou emplacar plano de recuperação alternativo na Oi em 2017 e perdeu poder de voto na Pharol em 2019 por “falta de transparência” dos fundos usados para comprar ações da empresa portuguesa. A CMVM apurou, por exemplo, que ele chegou a ter 18% da Pharol usando diferentes fundos, embora por estatuto, a participação máxima fosse limitada a 10%”, relata o site especializado.

Grupo concorrente tem representação no Conselho da Copel que deliberou pela privatização

O Conselho de Administração da Copel (CAD) aprovou, por unanimidade – e sem surpresas – a proposta de privatização total da Copel Telecom, empresa de Banda Larga que lidera o ranking e é a mais bem avaliada do país, em 15 de julho.  No entanto, membros do Conselho são ou foram ligados aos interesses do mercado. É o caso do representante Carlos Biedermann, que é Conselheiro do Grupo Algar desde 2016 (empresa de Telecom que oferece serviços de TI). A primeira oferta da Algar foi de R$ 2,204 bilhões.

A decisão do Conselho de Administração da Copel é questionada por entidades sindicais. Para elas, a pressa em vender a Copel Telecom não atende aos interesses da população paranaense e necessitam de muitas explicações. Para o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), o estado erra ao vender uma empresa que lidera o ranking nacional de serviços e sem amplo debate com a sociedade. 

“Infelizmente e novamente, a direção da Copel e o governo Ratinho Junior tem agido alinhado com os interesses do mercado e promovido ações ‘de bastidor’ sem ampla discussão com a sociedade, os empregados e os sindicatos”, observa o presidente Leandro Grassmann.

Entidades questionam privatização da Copel Telecom

Na última sexta-feira, 6 de novembro, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), por meio de seu presidente Leandro José Grassmann, ajuizou ação contra a Copel Telecom, visando obter toda a documentação relativa a contratos em que, conforme denúncia publicada no site porém.net, teriam ocorrido pagamentos de valores abusivos em ativações de internet de 2017 a 2019.

A reportagem afirma que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) suspeitariam de irregularidades nos contratos com empreiteiras para prestação de serviços de ativação de clientes e manutenção da rede de internet em Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Maringá e Cascavel.

Segundo Maximiliano Garcez, advogado da Advocacia Garcez, responsável pela demanda, a ação visa obter documentos necessários a um eventual ajuizamento de posterior ação popular, objetivando proteger o interesse público, caso sejam obtidos elementos que indiquem ilegalidades que configurem violação ao princípio da moralidade administrativa.

Fonte: Manoel Ramires/Senge-PR

Foto: Reprodução