Artur Henrique, presidente nacional da CUT
Nossos companheiros e companheiras do ramo da construção civil estão indo a Brasília no próximo dia 23, terça-feira, para uma Caravana Nacional que vai reivindicar direitos básicos, se comparados a acordos coletivos em outras categorias ou ramos, mas que quando alcançados – e tenho convicção de que serão –, estaremos fazendo história.
Talhados num dos mais duros ambientes de trabalho do mundo contemporâneo, esses companheiros vão cobrar que os projetos de desenvolvimento previstos no PAC incluam contrapartidas sociais de forma inequívoca: metas de geração de empregos com carteira assinada, como parte dos contratos para a execução das obras. Para isso, visitarão comissões do Congresso que analisam atualmente os projetos de lei que tratam do tema.
Querem também que a fiscalização sobre os locais de trabalho seja amplificada e reforçada, com a participação dos sindicatos no processo, para acabar com as mortes nos canteiros de obras e para que as condições de trabalho e segurança sejam compatíveis com os processos técnicos hoje existentes e, acima de tudo, com a dignidade humana.
A mobilização que farão terça-feira, do ponto de vista da organização sindical, é um sinal de maturidade na luta. Todas as centrais estão envolvidas, porque sabem que somar forças é essencial, especialmente num ramo tão capilarizado como o da construção civil. Volto a repetir que o movimento sindical precisa conquistar a organização no local de trabalho como instrumento de luta – o setor de construção e de madeira é um dos exemplos mais simbólicos dessa necessidade.
Paralelamente nossa Conticom e a CUT estão trabalhando na elaboração de uma proposta de contrato coletivo nacional para o ramo, em diálogo avançado com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Essa combinação entre mobilização, como no dia 23, e negociação, fará com que os trabalhadores consigam dar esse passo fundamental e histórico rumo a um cenário mais justo, em que altas tecnologias e somas de recursos deixem de conviver tão desembaraçadamente com mortes, acidentes, falta de capacitação profissional, baixos salários, informalidade e ausência de direitos.
Precisamos chamar a atenção da sociedade para a realidade desse ramo, em que 70% dos trabalhadores não têm registro em carteira e precisam andar de obra em obra para manter seu sustento, deixando atrás de si as edificações que simbolizam crescimento econômico e concentração de renda.