Começa o 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros

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O tema central do congresso é “Resistir! Em defesa da engenharia nacional e do Brasil”

 

Katarine Flor – SENGE Rio

 

          O 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge) começou na noite no dia 06/09. O evento é realizado no Hotel Bourbon, em Curitiba e vai até o 09, quando deverão ser eleitos os novos representantes da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).

          O congresso traz o tema “Resistir! Em defesa da engenharia nacional e do Brasil” e visa orientar a atuação da Federação e seus sindicatos sobre temas sociais de interesse nacional.

          O presidente da Fisenge e vice-presidente do SENGE Rio, Clovis Nascimento, destaca que realizar, hoje, o Congresso em Curitiba é um ato de resistência.

          O engenheiro avalia que “o Brasil vive uma crise política sem precedentes na História. De 2014 a 2017, triênio desta gestão, vivenciamos um golpe parlamentar midiático ao mandato da presidenta Dilma Rousseff, democraticamente eleita com mais de 54 milhões de votos da população brasileira”.

          “Um ano após o golpe, o que mudou?”, quetionou Clovis. “A vida piorou, e muito. Michel Temer anunciou a privatização criminosa do Sistema Eletrobrás, já admitindo o aumento das tarifas. Ele também quer entregar a Amazônia, a Petrobras, o Banco do Brasil, os Correios, a Empresa Brasil de Comunicação e as empresas públicas de saneamento. Praticamente nada restará de patrimônio público no nosso país”, analisa.

          Apesar desse cenário, o sindicalista demonstra otimismo. “Mesmo com uma onda de críticas e de discursos de ódio, nós resistimos. Resistimos em nossa posição firme de defesa da democracia. Mantivemos, sem esmorecer e com muita coragem, uma postura combativa de denúncia do golpe para a categoria e a sociedade”, afirmou.

          Segundo o sindicalista,“é preciso construir uma estratégia coletiva alinhando as pautas identitárias de mulheres, jovens e pessoas negras  para superar essa crise política e avançar. Precisamos, ainda, construir uma maioria política, com diálogo e serenidade, baseada na cultura do encontro e do debate na construção de um Brasil justo, igualitário, fraterno, solidário e soberano”.

          Nesta edição, o Consenge irá abordar dois temais principais: “Proteção social e do trabalho” e “O desenvolvimento e a Soberania Nacional”.

          O presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (SENGE Rio) destaca a importância de se refletir a respeito das transformações no mundo do trabalho, sobretudo em um momento de forte ataque contra os direitos da classe trabalhadora, e temas relativos à defesa da Soberania Nacional.

          “Devemos ter como pauta unificada a soberania do país, para além das nossas pautas identitárias”, afirma o presidente do SENGE Rio. O engenheiro destaca como fundamental avançar na discussão de temas pertinentes a reforma trabalhista e contra a privatização das empresas públicas.

          “Estamos em um processo que, impressionantemente, só ocorre quando um país é ocupado militarmente, quando ele perde uma guerra. Nós estamos transferindo patrimônio público e privado para estrangeiros. Entregando, com isso, a soberania do país. Isso é de extrema gravidade. Estamos abdicando, praticamente, de ser uma nação”, afirmou.

          O sindicalista acredita que há uma grande indignação represada e uma busca de compreensão por parte da população sobre o momento em que vivemos. “Podemos estar na antessala de grandes convulsões. Não consigo acreditar que uma população vá se auto suicidar, abdicar da sua soberania, de serem cidadãos”, analisa.

          O presidente do SENGE Rio avalia que o excesso de informação, muitas vezes construídas com base em conteúdos distorcidos, geram desinformação e estagnação. “As novas tecnologias da informação estão causando esse tipo de impacto, essa paralisia. Entretanto, essa compreensão vai se dar. Porque a verdade não está naquilo que você ouve ou vê. Está naquilo que você sente. E ela vai acabar vindo à tona”, analisa.

 

ABERTURA

          Participaram da abertura do 11º CONSENGE o presidente da Fisenge e vice do SENGE Rio, o engenheiro civil e sanitarista Clovis Francisco do Nascimento Filho, o engenheiro agrônomo e presidente do Senge-Paraná, Carlos Roberto Bittencourt, o deputado estadual e engenheiro agrônomo, Rasca Rodrigues, o presidente da Mútua Nacional, Paulo Guimarães, o diretor regional das Américas do ramo profissional da Uni Global Union, André Luís Rodrigues, a presidenta da CUT-Paraná, Regina Cruz, o diretor financeiro do Crea-Paraná, Leandro Grassmann, a representante da coordenação provisória do Coletivo Nacional de Estudantes da Fisenge e do Senge Jovem Paraná, a estudante de engenharia química, Letícia Partala.

          A coordenadora do Senge Jovem Paraná, Letícia Partala, reforçou a importância do fortalecimento do vínculo dos estudantes com os sindicatos de engenheiros, em especial pelo momento de dura crise política e econômica que o Brasil atravessa. “O ataque aos direitos trabalhistas e à soberania do nosso país diz respeito a nós, estudantes e futuros engenheiros e engenheiras. É o nosso presente e nosso futuro que estão em jogo. Em alguns anos seremos nós que estaremos a frente dos sindicatos, e são vivências como o Senge Jovem que nos preparam e nos inserem na luta”, garante a estudante de engenharia química.

          O diretor financeiro do Crea-Paraná, Leandro Grassmann, saudou a todo os participantes e desejou que os resultados do congresso contribuam para o avanço da categoria.

          A presidenta da CUT Rio Grande do Sul, Regina Cruz, lembrou que o dia 7 de setembro marca o início da Campanha da CUT para anular reforma trabalhista. A Central precisará arrecadar 1,3 milhão de assinaturas para que projeto popular vá ao Congresso. Para participar, acesse: anulareforma.cut.org.br

          O diretor regional das Américas do ramo profissional da Uni Global Union, André Luís Rodrigues destacou o número de mulheres presentes no congresso. “Me alegra muito ver o número expressivo do gênero feminino presente nesta sala. É fundamental, é estratégico. A UNI tem como política garantir pelo menos 40% de um dos gêneros nos espaços de decisão. É uma forma de intensificar a participação da mulher trabalhadora”, afirmou. O diretor da Uni Global Union parabenizou a Fisenge e os Senges pelo trabalho e organização de jovens e estudantes, por considerar esse público estratégico.

          O presidente da Mútua Nacional, Paulo Guimarães, acredita que o congresso trará  resultados significativos para a luta em defesa da soberania do país.

          Para o engenheiro agrônomo e Deputado Estadual do Paraná, Rasca Rodrigues, “o país está hoje sendo entregue. Precisamos mudar esse rumo e trazer, de novo, a chama da esperança para o povo brasileiro. O combustível ainda está fervendo e presente na juventude. Porque se alguns faróis apagaram, cabe a nós iluminar novos”.

          O anfitrião e presidente do Senge Paraná, Carlos Bittencourt, comparou o contexto atual com o vivido pelo Brasil há 20 anos, quando o Paraná recebeu o 4º Consenge. Segundo o engenheiro agrônomo, o roteiro usado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para promover a privatização se repete hoje, no governo Temer. “Assim como ocorre agora, naquele período várias empresas públicas foram sendo desmontadas, com as contas levadas ao vermelho para que o prejuízo, mais tarde, servisse de argumento para a privatização. O que vemos é a repetição da história e o retorno de projeto de país que não deu certo. O contexto é outro, mas o que se repete de maneira contundente é a sanha de setores políticos e financeiros em entregar a riqueza brasileira aos interesses privados e internacionais”, avalia.

 

O CELEIRO DO MUNDO

          “Soberania, desenvolvimento e o papel do Estado brasileiro” é o tema da palestra magna do 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiro (Consenge) ministrada pelo senador Roberto Requião.

          Durante o evento, Requião afirmou que a Reforma Trabalhista, proposta por Temer, significa a precarização absoluta da mão de obra.  O senador afirmou que, ao propor tais medidas, o atual governo imaginou que o Brasil receberia investimento norte-americano afim de se utilizar de uma mão-de-obra semiescravizada. Os formuladores dessa reforma apostaram, também, na ideia de que a oportunidade de trabalho extraordinariamente mal remunerada conteria a possibilidade de revolta das camadas populares.

          Contudo, o senador acredita que o Brasil viveu um período de conquistas sociais e que os trabalhadores jamais se conformarão com uma regressão para uma posição de colônia.

          “Quando nos transformamos em “celeiro do mundo”, não estamos viabilizando os empregos necessários para conseguirmos uma relativa paz social para sobrevivência dos trabalhadores, das suas famílias e garantia de seus salários”, disse.

 

PARTICIPAÇÃO

          Estão participando do congresso quase 300 participantes de todo o Brasil. Sendo 200 delegados, 39 estudantes, 34 observadores e 18 convidados.

          Este é o Consenge com o maior número de mulheres da história. São mais de 80, entre delegadas, observadoras e estudantes. “Sabemos que a História é hegemonicamente machista e promove o apagamento de mulheres. Nós estamos construindo uma outra história, uma história inclusiva, que estampa em suas publicações os rostos, as fotos e as narrativas das mulheres e de suas lutas”, avaliou o presidente da federação Clovis Nascimento.

          O encontro conta com a participação de 39 estudantes. Durante os dias do evento será realizado o II Fórum, que irá eleger a primeira Coordenação do Coletivo Nacional de Estudantes da Fisenge.

 

LANÇAMENTO: EUGÊNIA

          Nesse primeiro dia do encontro foi lançado o primeiro compêndio “Histórias da Engenheira Eugênia”, que reúne a trajetória da personagem protagonista das histórias em quadrinhos, publicadas desde 2013 pela Fisenge. “Queremos nossas histórias, nossa memória e nossas lutas nos meios de comunicação. Queremos o nosso protagonismo”, disse a diretora do Coletivo de Mulheres da Fisenge, Simone Baia. O livro tem o objetivo de afirmar a importância da organização das trabalhadoras e dos trabalhadores e do empoderamento das mulheres.

 

PROTEÇÃO SOCIAL E DO TRABALHO

          Amanhã (07/09), os participantes debaterão o tema: “Proteção Social e do Trabalho”, que contará com a participação da socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria Rosa Lombardi e o professor da Unicamp e ex-presidente do IPEA, Marcio Pochmann.

          A palestra “O desenvolvimento e a soberania nacional”, que acontecerá no dia 8/9, será ministrada pelo professor e historiador, Valter Pomar e pelo embaixador e ex-secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.

          As palestras serão transmitidas ao vivo, via streaming. Para assistir, basta acessar o canal da federação no YouTube, no link youtube.com/CanalFisenge ou página do Facebook da Fisenge (www.facebook.com/federacaofisenge).

A programação completa está no site: http://www.consenge.org.br