Brasileiros rejeitam privatizações

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Frentes nacionais e estaduais se organizam para proteger o patrimônio nacional

Por Manoel Ramires/Senge-PR

Lançamento de Frente em defesa da Soberania Nacional. Foto: Cleia Viana – Câmara dos Deputados

O Governo Federal está em campanha para privatizar as empresas públicas. Pelo menos nove delas podem entrar no processo, entre elas Correios e Telebras. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ainda quer privatizar Serpro e Dataprev, que possuem dados de todos os brasileiros. Até mesmo a Petrobras, oitava maior petrolífera do mundo, pode ser privatizada. Contra a entrega do patrimônio, movimentos se organizam por todo o país, como a Frente Popular e Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional, lançada no começo do mês de setembro, e a Frente Paranaense em Defesa das Estatais que se posiciona contra as privatizações da Copel Telecom, prevista pelo governador Ratinho Junior (PSD) para março de 2020, e da Compagas, planejada para 2021.

A população brasileira está a favor desses movimentos e contra as privatizações. Pesquisa do Instituto Datafolha revela que 67% se opõem a venda das estatais. Segundo o Instituto, por exemplo, “pouco mais da metade (54%) dos brasileiros tomou conhecimento dos planos governo de Jair Bolsonaro (PSL) de vender os Correios e outras empresas públicas nos próximos anos”.

A pesquisa mostra que 60% dos entrevistados é contra privatizar os Correios. De acordo com o Sintcom-PR, os trabalhadores dos Correios do Paraná, juntamente com todos os estados do país mais o Distrito Federal, entraram em greve por tempo indeterminado. A decisão foi referendada em assembleias realizadas em todo o estado. “A adesão à greve é de 70% no Paraná, principalmente, nos CDDs, CEEs e CEINT, além de muitas Uds e Acs com paralisação total em todas as regiões”, afirma o sindicato.

O levantamento feito pelo Datafolha ainda deixa claro que os brasileiros são contra a privatização do Banco do Brasil, da Caixa e da Petrobras. “A privatização da Petrobras, também considerada pelo governo, enfrenta maior oposição: 65%. O cenário é parecido quando se trata dos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil: 65% são contra, 29%, a favor”.

Rejeição de bolsonarista

Entre os brasileiros que tem o PSL como partido de preferência  – continua a pesquisa -, 50% são a favor e 47% contra. Nos demais segmentos, incluindo empresários, mais ricos e apoiadores de Bolsonaro, há uma porção majoritária que se opõe à venda dos bancos públicos.

Deputado Tadeu Veneri participa de mobilização contra a privatização. Foto: Manoel Ramires/Senge-PR

Deputado Tadeu Veneri participa de mobilização contra a privatização. Foto: Manoel Ramires/Senge-PR

Frente Nacional e paranaense

O desgaste do governo Bolsonaro e o bom desempenho de empresas públicas são aliadas das frentes que pretendem preservar o patrimônio dos brasileiros. A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional foi lançada no Congresso Nacional no último dia 4 de setembro. Reunindo lideranças de diversos partidos, sindicatos e movimentos sociais, eles iniciam campanha contra as privatizações.

No evento, a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que o Brasil precisa voltar a ter um projeto nacional de desenvolvimento com democracia. “Precisamos ter o mercado subjugado pelo Estado brasileiro. Precisamos garantir que o Estado tenha políticas universais”, afirmou, no registro da Agência Câmara. Nesta sexta-feira (13) acontece audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) contra a privatização da Eletrobras.

A movimentação contra privatizações também acontece no Paraná. No estado, o Fórum Paranaense em Defesa das Estatais (clique e conheça a página) foi lançado no último dia 30 de agosto. A ideia é reviver a campanha “A Copel é Nossa” e impedir que o governo Ratinho Junior privatize tanto a Compagas como a Copel Telecom, que lidera o ranking nacional de satisfação no setor de banda larga.

O governo do estado alega que a privatização é necessária porque essas empresas vão perder competitividade nos próximos anos. No entanto, balanço da própria Copel mostra que o faturamento da subsidiária nos primeiros seis meses de 2019 foi de R$ 200 milhões.

A privatização é criticada pelo deputado federal Enio Verri (PT). “Um governo passageiro, que não apresenta motivos razoáveis, pretende vender, como se sua fosse, a instituição paranaense que, em 2018, foi a operadora de banda larga mais bem avaliada do Brasil, está presente em mais de 80 cidades do Paraná, distribuiu conexão com fibra ótica para os 399 municípios do estado, é superavitária, estratégica e pertence a toda sociedade paranaense”.

Já o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), que participou do lançamento do fórum, se comprometeu a organizar a resistência dentro da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). “A Copel Telecom é uma das empresas que detém a maior tecnologia no Paraná. Ela foi criada com objetivo de levar internet para escolas, hospitais, hospitais, universidades, levar a tecnologia para setores que nenhuma outra empresa tinha interesse em levar. O governo Ratinho quer é desmontar as empresas públicas do que de fato ter uma necessidade de privatização. Ele está na contramão de todos aqueles que lutaram para dizer que a Copel é nossa”, aponta.

O Governo do Paraná tem oferecido suas estatais em diversos encontros com empresários brasileiros e estrangeiros. “O assunto (também) foi tratado na edição do Paraná Day, em Nova York” em julho de 2019, informa a Agência Estadual de Notícias.

Responsabilidade social 

Além de liderar o ranking nacional de satisfação em banda larga, a Copel Telecom cumpre importante papel social. Em maio, “o projeto Internet Sem Bullying, criado pela Copel Telecom em parceria com a Abrace Programas Preventivos, recebeu o troféu de melhor prática sustentável na categoria grandes empresas, eixo Paz”.

Já começo de setembro, o governo Ratinho Junior reforçou o papel social da Copel Telecom. A Secretaria da Educação formalizou parceria com a Copel Telecom que permite ampliar para 20 Mega a velocidade da internet de todas as escolas atendidas pela fibra óptica da companhia, segundo o próprio governo. A parceria coloca em xeque o argumento de que a Copel Telecom não tem compromisso social e reforça a tese dos movimentos de que escolas e demais equipamentos públicos podem sofrer apagão ou encarecimento de internet caso a empresa seja privatizada.

 

Fonte: Senge-RJ